Até palavras podem ferir: como reduzir o estigma de crianças com obesidade

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Da Redação

Obesidade-infantil-1.jpg (119 KB)A Academia Americana de Pediatria (AAP) lançou um documento sobre o estigma que crianças e adolescentes obesos sofrem na sociedade, incluindo na escola, no sistema de saúde e na mídia. O documento aponta para várias consequências geradas por esse estigma, tais como efeitos psicológicos e emocionais e piora no quadro de obesidade. O texto, com novas políticas da AAP sobre o assunto, será publicado na edição de dezembro da revista médica Pediatrics.

Segundo o documento, muitas vezes o estigma é não apenas tolerado, mas até incentivado na sociedade, por causa da crença de que uma criança com vergonha de seu peso será mais motivada a perder peso. No entanto, diz o texto, “ao invés de motivar mudanças positivas, esse estigma contribui para comportamentos como compulsão alimentar, isolamento social, afastamento dos cuidados com a saúde, diminuição da atividade física e aumento de peso, que pioram a obesidade e criam obstáculos adicionais para a mudança de comportamento saudável. Além disso, as experiências de estigma de peso também prejudicam drasticamente a qualidade de vida, especialmente para os jovens vulneráveis ao bullying”.

Os esforços para reduzir o problema devem incluir o reconhecimento da origem complexa da obesidade, que inclui fatores genéticos, ambientais e socioeconômicos, tradições familiares e culturais, além de escolhas individuais. Ao levar esses fatores em conta, fica mais fácil ajudar a dissipar os estereótipos que colocam a culpa pelo excesso de peso unicamente nos indivíduos.

A força das palavras

A estigmatização das crianças obesas também pode acontecer dentro de casa, na família e no círculo de amigos. As palavras dirigidas às pessoas acima do peso podem curar ou causar danos ainda maiores, de forma intencional ou involuntariamente. Evidências recentes mostram que adolescentes com excesso de peso e obesidade preferem palavras neutras como “peso” e “índice de massa corporal”, enquanto termos como “obesos”, “extremamente obesos”, “gordo/a” ou “problema de peso” induzem sentimentos de tristeza, constrangimento e vergonha quando usados pelos pais.

Além disso, frases como “uma criança com obesidade” em vez de “uma criança obesa” podem ajudar a reduzir o potencial de estigmatizar a linguagem.

Recomendações aos pediatras

  1. Demonstrar comportamentos profissionais que sejam solidários e não tendenciosos em relação a crianças e famílias com obesidade.
  2. Usar linguagem adequada, sensível e não estigmatizante ao se comunicar sobre o peso com jovens, famílias e outros membros da equipe de cuidados pediátricos.
  3. Usar termos neutros, como “peso não saudável”, em notas clínicas e quando se fala com pacientes e familiares.
  4. Usar abordagens de mudança de comportamento empático e centradas no paciente, como entrevistas motivacionais.
  5. Criar um espaço de clínica seguro, acolhedor e não estigmatizante para jovens com obesidade e suas famílias, como ter cadeiras que podem acomodar pessoas maiores e materiais de leitura que apoiem estilos de vida saudáveis.
  6. Avaliar os pacientes com comorbidades físicas e emocionais e exposições negativas associadas à obesidade, incluindo bullying, baixa autoestima, desempenho escolar fraco, depressão e ansiedade.
  7. Trabalhar com as escolas para garantir que as políticas anti-bullying incluem proteção para estudantes que são intimidados sobre seu peso.
  8. Advogar pelo retrato responsável e respeitoso de indivíduos com obesidade na mídia.

 

CLIQUE AQUI para ler o documento na íntegra.

 

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