Olhos vermelhos e irritados, tosse constante e nariz escorrendo. Nas escolas, não é difícil ver crianças com algum desses sintomas. A proximidade e o longo tempo que passam juntas favorecem a transmissão de doenças, principalmente nos primeiros anos de ensino.
Segundo o relatório Saúde Escolar pelo Brasil em 2023, o quadro de conjuntivite é a de maior ocorrência, seguido de casos de síndrome gripal, gastroenterites, síndrome de mãe-pé-boca e escarlatina.
Para chegar a esse resultado, o estudo analisou 1.250 casos de 82 escolas privadas, em todas as regiões do país, durante o último ano letivo. E foi possível observar um padrão nas doenças infectocontagiosas preveníveis, que se mostraram predominantes (83,61%) nos segmentos de educação infantil e anos iniciais do ensino fundamental.
“Percebemos que alunos dos primeiros anos de ensino adoecem, em média, oito vezes ao longo do ano, quase sempre por vírus, que podem resultar em quadros de sete a quatorze dias de riscos ao doente e a seus contactantes”, explica Rafael Kader, médico e CEO da Coala Saúde, plataforma de saúde escolar responsável pela investigação.
Para Rafael, é fundamental compreender o cenário da saúde no ambiente de ensino e seu impacto no sistema educacional, uma vez que alunos passam pelo menos mil horas por ano dentro das escolas. “Uma criança doente na escola interrompe sua jornada educacional e o processo de aprendizagem, podendo deixar marcas emocionais ao longo de seu crescimento”, acredita o CEO. Abaixo, veja detalhes das doenças contagiosas mais frequentes nas escolas brasileiras.
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1. Conjuntivite
A doença apareceu como a mais comum nas instituições de ensino pesquisadas, representando 18,1% de todos os casos clínicos observados. Trata-se de uma inflamação da conjuntiva, membrana transparente que reveste a parte interna das pálpebras e a superfície do globo ocular. Pode ser causada por vírus, bactérias, alérgenos ou irritantes químicos (como o cloro da piscina) e tem como sintomas mais comuns vermelhidão nos olhos, lacrimejamento excessivo, coceira, sensação de areia nos olhos, secreção ocular e sensibilidade à luz. A conjuntivite viral e a alérgica geralmente desaparecem dentro de alguns dias, já a bacteriana pode exigir tratamento com antibióticos prescritos por um médico. Hábitos como lavar as mãos, não coçar os olhos e não compartilhar objetos ajudam a prevenir a transmissão de origem viral ou bacteriana devido ao contato com secreções e objetos contaminados. Segundo o relatório, as crianças ficam em média 2,4 dias afastadas da escola, podendo demorar até duas semanas para se recuperar completamente.
2. Síndrome gripal
Segundo infecção mais prevalente no ambiente educacional, a síndrome gripal tem como sintomas a febre alta, tosse seca e até dores musculares nas costas, braços e pernas. Presente em 12,5% dos casos analisados, exige um afastamento médio de 2,9 dias. A maneira mais eficaz de prevenir a gripe e suas complicações é por meio da vacinação, que ajuda reduzir a gravidade dos sintomas. Crianças de 6 meses a menores de 6 anos estão entre os grupos prioritários. Saiba mais sobre a campanha de vacinação 2024 no site do Ministério da Saúde.
3. Gastroenterite
Diarreias, náuseas, vômitos, perda de apetite e dores abdominais são características dessa doença, que apareceu no terceiro lugar do levantamento, com 10,4% dos casos clínicos estudados e exigiu apenas cerca de um dia de afastamento. A gastroenterite consiste em uma inflamação geralmente causada por infecção viral, bacteriana ou parasitária que pode afetar pessoas de todas as idades, mas é especialmente comum em crianças pequenas devido à imaturidade do sistema imunológico. A forma viral é a mais comum e autolimitada, porém a bacteriana pode apresentar um quadro de maior gravidade, requerendo tratamento e acompanhamento médico. É importante orientar as crianças a lavar as mãos antes das refeições e evitar que consumam bebidas e alimentos crus ou de procedência duvidosa.
4. Síndrome mão-pé-boca
Com uma prevalência de 4,7%, casos, trata-se de uma infecção viral que pode apresentar sintomas como febre alta, dor de garganta e lesões e pequenas bolhas no pé, na mão e na boca, daí o seu nome. As lesões podem ser acompanhadas por vermelhidão e inchaço das áreas afetadas, e em alguns casos, geram desconforto ao engolir alimentos ou saliva. Quando contraem o vírus, que é transmitido por via fecal-oral, as crianças ficam em média 3,4 dias fora da escola. Hábitos de higiene, como lavar as mãos após usar o banheiro ou trocar fraldas e a limpeza dos objetos pessoais de quem está infectado, ajudam a evitar a transmissão da doença.
5. Escarlatina
Doença bacteriana provocada pela bactéria Estreptococo, a mesma causadora de infecções na garganta (faringoamigdalite), a escarlatina apareceu no estudo na mesma frequência que a síndrome mão-pé-boca, com prevalência de 4,7% dos casos analisados. Seu tempo médio de afastamento de 3,1 dias demonstra a necessidade de atenção especial ao quadro, que se caracteriza por febre alta, dor de garganta, inchaço dos gânglios linfáticos e erupções cutâneas, que geralmente começam no tronco e se espalham para outras partes do corpo. Muito comum em crianças, pode ser transmitida pelo contato com secreções respiratórias ou lesões cutâneas de uma pessoa infectada. Para seu tratamento, além do acompanhamento e prescrição médica, repouso e hidratação adequada são recomendados. Em 2023, a escarlatina provocou dezenas de surtos no Estado de São Paulo.