Por Daniele Franco
No último dia 2 de maio, foi publicada a Lei 13.277/16, que institui o dia 7 de abril como o Dia Nacional de Combate ao Bullying e à Violência na Escolas. A palavra bullying é um tanto recente. Tanto que ainda nem se encontra na maioria dos dicionários. Mas sua definição já é uma velha conhecida da sociedade, principalmente no ambiente escolar. Todo tipo de ato caracterizado pela violência física e/ou psicológica, de forma intencional e continuada, praticado em grupo ou individualmente contra outro(s) indivíduo(s) ou grupo(s) sem motivo claro pode ser chamado de bullying.
Muitas crianças, em escolas públicas e particulares, em todo o mundo, sofrem diariamente com esse tipo de ação dos colegas, e um dos principais desafios do ambiente pedagógico é eliminar esse tipo de comportamento de maneira eficiente. Mas aí se encontra a questão: como proceder, uma vez que se tratam de crianças, mesmo as que praticam o bullying?
Nesse sentido, a Associação pela Saúde Emocional de Crianças – ASEC, criou o programa Amigos do Zippy. A iniciativa ensina crianças pequenas, sem olhar nível social, histórico de vida e habilidades, a lidar com as dificuldades do dia a dia, estimulando-as a identificar e a falar sobre seus sentimentos. A partir daí, a criança aprende a explorar várias maneiras de lidar com eles, construindo estratégias para resolver os problemas e fazendo escolhas positivas que contribuam para sua qualidade de vida, levando em conta os sentimentos das outras pessoas.
Basicamente, o Amigos do Zippy é uma aula de autoconhecimento e empatia. O programa é desenvolvido em sala de aula pelo próprio professor, que recebe uma capacitação especial para isso. O objetivo principal do Amigos do Zippy não é solucionar um problema específico, mas sim promover o bem-estar e encorajar a criança a explorar as soluções e pensar por si mesma, sendo assim, uma forma de alfabetização emocional.
O Amigos do Zippy foi adotado, pela primeira vez, em Sorocaba, no interior de São Paulo, como política pública. Entre 2006 e 2013, mais de 50 mil alunos da rede municipal desenvolveram suas habilidades emocionais e sociais. Mais de mil educadores foram responsáveis pelo processo, e o investimento teve reflexos no aprendizado. Em 2007, o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) do município era de 4.8 para os anos iniciais. Em 2009, quando as crianças que participaram do programa foram avaliadas, e a média subiu para 5.9, chegando a 6.0 e 2011, média superior à nacional, que era de 5.0.
De acordo com uma análise da Collaborative for Academic, Social and Emotional Learning (CASEL), que compilou avaliações de desempenho de 300 mil alunos participantes de programas de desenvolvimento socioemocional que atendam critérios específicos de qualidade, como o Amigos do Zippy, o desempenho acadêmico dos alunos participantes é de 11 a 17% melhor do que os de não tiveram a oportunidade de aprender essas competências de forma estruturada.