Ter uma rotina igual à de muitas mães me fez perceber que a dedicação das mulheres à carreira é realmente muito diferente da dos pais. Primeiro, é importante reconhecer que, embora não seja uma regra, a grande maioria das mulheres enfrenta muito mais dificuldades profissionais por conta dos afazeres familiares.
Cabe a elas administrar todas as demandas domésticas, enquanto os pais ficam alheios a quase tudo. Basta perguntar a qualquer colega homem do trabalho que tenha filhos, se quando chove ou fica frio, por exemplo, ele se preocupa se o filho tem casaco na mochila para vestir. Ou pergunte sobre o jantar, se ele tem alguma ideia do que é feito a cada noite. Sem falar nas visitas ao pediatra, será que ele é responsável em marcar as consultas?
As mães passam o dia resolvendo trabalhos que parecem invisíveis – e quando os filhos adoecem, têm de fazer ainda mais malabarismos para equilibrar a preocupação com as crianças e as cobranças de entregas. É clara a divisão desigual dos cuidados com os filhos entre pais e mães que, ainda que não seja o seu caso, é o que ocorre na maioria das famílias brasileiras.
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E essa desigualdade está ligada à situação de gênero – a sociedade perpetua que as mães sejam as principais cuidadoras da família. Isso pode levar a preconceitos e discriminação no ambiente de trabalho, afetando a progressão profissional das mães. Dificuldades de recolocação, perguntas indigestas de recrutadores e gestores, preconceito com mulheres que podem querer ter mais filhos e assim por diante. Sem falar que quase metade das mulheres são demitidas após a licença-maternidade, segundo estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
A cultura das organizações com poucas mulheres em cargos de liderança não permite equilíbrio entre a profissão e a função maternar, muito por que os homens não enxergam as dificuldades enfrentadas pelas mães e são a maioria dos tomadores de decisão.
Para resolver esses desafios é essencial criar um ambiente mais inclusivo e equitativo. Isso inclui oferecer opções de trabalho flexíveis, promover a igualdade de gênero e parental, combater estereótipos prejudiciais e valorizar as contribuições das mães em suas carreiras.
Além disso, é fundamental que a divisão de tarefas domésticas e de cuidados seja compartilhada entre os membros da família. Quando a sociedade e as empresas se esforçam para criar um ambiente mais igualitário, as mães têm mais oportunidades de se destacarem e serem competitivas no ambiente profissional. E assim todo mundo sai ganhando!
Pena, mas muitas mães nem chegarão nesse texto por estarem muito ocupadas.
Você já havia parado para pensar nisso?