O retinoblastoma é um tipo raro de câncer ocular, com origem nas células da retina, responsável pela visão, que atinge principalmente crianças pequenas com até cinco anos de idade. Segundo o Ministério da Saúde, esse tipo de tumor responde por 3% dos cânceres infantis, chegando a cerca de 400 casos por ano. Se detectado em estágio inicial, há grandes chances de preservação da visão, daí a importância do diagnóstico precoce para iniciar o tratamento e prevenir a cegueira infantil.
O principal sintoma do retinoblastoma, presente em até 90% dos casos, é a leucocoria, também conhecida como “olho de gato”, que se caracteriza por um reflexo branco na pupila da criança em contato com a luz. “A cor branca pode indicar que algo está impedindo a passagem da luz, no caso do retinoblastoma, é o tumor. Esse fenômeno pode ficar mais evidente, por exemplo, ao tirar fotos com flash”, explica Marcelo Cavalcante Costa, oftalmologista e especialista em retina infantil da Maternidade São Luiz Star, membro do Departamento Científico de Oftalmologia da Sociedade de Pediatria de São Paulo.
Ainda outros sinais que podem indicar esse câncer nos olhos, segundo o Ministério da Saúde, incluem problemas na movimentação dos olhos, como estrabismo; redução da visão em um olho; dor no olho; globo ocular maior que o normal; e olho preguiçoso (ambliopia).
A doença ganhou maior divulgação no ano passado, depois que o jornalista esportivo Tiago Leifert e a jornalista Daiana Garbin descobriram o retinoblastoma em sua filha, Lua, e passaram a falar sobre a importância do diagnóstico precoce – eles só perceberam o sinal no olho da bebê quando ela tinha onze meses e estava no grau máximo da doença, com risco de metástase. No Brasil, estima-se que 60% dos casos são diagnosticados tardiamente, trazendo prejuízos irreversíveis aos olhos e à visão. O casal criou a campanha de Olho nos Olhinhos que teve este ano sua segunda edição.
Porém, se a condição for identificada no início, as chances de cura são de cerca de 90%. Para alertar a sociedade da importância da detecção precoce, é celebrado este mês o Dia Nacional de Conscientização e Incentivo ao Diagnóstico Precoce do Retinoblastoma (18/9) e a campanha Setembro Dourado, relacionada ao câncer em crianças e adolescentes.
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Teste do olhinho ampliado
“Um fato importante é que em algumas situações o retinoblastoma se encontra na periferia dos olhos, podendo passar despercebido no teste do reflexo vermelho comum, porém sendo possível diagnosticar através de um exame hoje conhecido por Teste do Olhinho Ampliado”, complementa o médico. O exame proporciona uma avaliação mais detalhada e abrangente, já que detecta 100% das doenças oculares do recém-nascido por meio de imagens digitais.
O Teste do Olhinho Ampliado é um exame rápido, não invasivo, e realizado com um equipamento portátil, onde o profissional capta imagens do globo ocular do bebê para análise, ainda nos primeiros dias de vida. Estatísticas apontam que 1 a cada 20 pacientes (5% dos casos) possui alguma condição importante e que deve ser acompanhada.
“Quanto mais cedo a doença for descoberta, melhores as chances de que o bebê não venha a acumular prejuízos que afetem sua visão pelo resto da vida. Por isso, o teste do olhinho e o teste do olhinho ampliado, realizado ainda na maternidade, é tão importante para identificar precocemente diversas doenças, incluindo o retinoblastoma”, enfatiza o oftalmologista.
Disponível gratuitamente, o aplicativo Cradle, desenvolvido por pesquisadores da Universidade Baylor, no Texas (EUA), permite detectar sinais precoces de alterações oculares, inclusive o retinoblastoma. Ele pode ser baixado de forma gratuita, tanto para sistemas operacionais iOS quanto para Android. Contudo, deve ser usado apenas um indicativo, sendo necessário em seguida consultar um médico para a confirmação do diagnóstico.
Tratamento
O tratamento do retinoblastoma pode variar de acordo com o caso, levando em conta a idade, a presença de tumor em um ou nos dois olhos e o tamanho do mesmo, entre outros fatores. O objetivo é salvar a visão sempre que possível e preservar o bulbo ocular, podendo envolver uma equipe multidisciplinar e várias modalidades terapêuticas, como quimioterapia, radioterapia, laserterapia, crioterapia, termoterapia e cirurgia.
“O cuidado, que basicamente deve surgir dos pais, é a garantia de um amanhã melhor para os pequenos. Caso percebam algo errado, conversem com o pediatra, para que indique avaliação com oftalmologista infantil. Quanto antes o diagnóstico do retinoblastoma for feito, melhor será o futuro da criança”, alerta Marcelo.