O linfoma é o terceiro câncer mais comum na infância, ficando abaixo apenas de leucemias e tumores cerebrais. Ele ocorre quando as células de defesa imediata do organismo e seus precursores evoluem para malignidade, crescendo de forma descontrolada e afetando o sistema linfático.
Existem dois tipos da doença: o linfoma não Hodgkin (LNH) e o linfoma de Hodgkin (LH), que apresentam sinais, comportamentos e tratamentos diferentes. O primeiro representa 7% dos cânceres na infância, enquanto o segundo representa 6%. No Hospital Pequeno Príncipe, referência no tratamento de câncer infantojuvenil, que fica em Curitiba (PR), a incidência é maior em meninos, de ambos os tipos da doença.
De acordo com a oncologista Ana Paula Kuczynski, o linfoma não Hodgkin é mais comum em crianças menores e com comportamento agressivo. Já o linfoma tipo Hodgkin é prevalente em crianças maiores e adolescentes, geralmente com evolução prolongada e pouco agressivo. Na instituição, o LNH, por exemplo, é mais prevalente, acometendo crianças entre 3 e 8 anos. Já o LH tem maior incidência em crianças acima dos 9 anos.
É o caso de Tito Viecili Gonçalves, que apresentou os primeiros sintomas do linfoma de Hodgkin no ano passado: inchaço no pescoço e emagrecimento repentino. Após alguns dias de piora no quadro, a mãe e o menino, de 10 anos, deram entrada no pronto-atendimento do Hospital. “Enquanto o diagnóstico dele não foi descoberto, não fomos liberados. Depois de uma semana de muitos exames, descobrimos o que ele tinha”, relembra Thais Nassir Viecili Gonçalves, mãe da criança.
Imediatamente o menino começou o tratamento, sendo realizado por meio de ciclos de quimioterapias, que eram aplicadas diariamente por 15 dias. Após duas semanas de descanso, uma nova rodada era iniciada. Depois de 11 meses do início do tratamento, a família recebeu a notícia que o câncer estava em remissão. “Hoje digo que o tratamento foi longo, mas é uma doença com prognóstico alto de cura. É preciso ser paciente, ter fé e confiar na equipe médica.”, diz Thais.
Conforme a oncologista, o diagnóstico precoce é importante porque está relacionado diretamente a melhores chances de cura. “Além de tratamentos menos agressivos, mais curtos e, em alguns casos, com menos efeitos colaterais”, detalha.
Sintomas
Os sinais de alerta em comum entre os dois tipos de linfomas são: gânglios aumentados, principalmente na região do pescoço, menos comum na axila e virilha; febre; fadiga; suor noturno; e perda de peso repentina.
Segundo a médica, o linfoma Hodgkin “geralmente apresenta-se como aumento de volume de um ou mais linfonodos na região lateral do pescoço, com evolução prolongada, podendo ser acompanhada de febre, perda de peso, sudorese e coceira no corpo todo”.
Já o linfoma não Hodgkin pode ter apresentação clínica de tumores abdominais ou linfonodos aumentados no pescoço e em outros locais, podendo estar associado à recusa alimentar. Em alguns casos é possível ocorrer tosse e falta de ar, com piora progressiva.
Tratamentos
O tratamento dos linfomas em crianças e adolescentes pode ter resultados excelentes, ultrapassando 80% das chances de cura. As principais abordagens são quimioterapias, radioterapias, imunoterapias e transplantes de medula óssea, variando de acordo com o tipo. “Utilizamos quimioterapia para os linfomas não Hodgkin e quimioterapia, geralmente associada à radioterapia, para os linfomas Hodgkin”, explica a oncologista.
Prevenção
Os fatores de risco em crianças e adolescentes não são conhecidos, o que se sabe é que pacientes que apresentam mais chance de desenvolvimento são aqueles que estão com o sistema imunológico comprometido ou que possuem familiares diagnosticados com a doença.
“É importante ressaltar que o aleitamento materno, preferencialmente até os 2 anos de vida; alimentação saudável; atividades físicas e um ambiente harmonioso nos lares podem prevenir várias doenças na infância e adolescência. Para o diagnóstico precoce dos linfomas, bem como dos outros tipos de câncer, são muito importantes as consultas de rotina com o pediatra”, finaliza a médica.
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