Anemia x leucemia: quando se preocupar com alterações no exame de sangue da criança?

Maria Lucia de Martino Lee, hematologista do BP - Beneficência Portuguesa de São Paulo, explica que as alterações no sangue, na maioria das vezes, estão relacionadas a doenças benignas, entre as quais, a anemia

1261
Menina com braço esticado faz exame de sangue
Médica orienta a manter os exames de rotina como o hemograma para identificar qualquer eventual doença
Buscador de educadores parentais
Buscador de educadores parentais
Buscador de educadores parentais

Ao levar exames de rotina ao pediatra, muitos pais e mães ficam preocupados quando o médico encaminha a criança para um hematologista porque foi detectado algo diferente no exame de sangue. No geral, há uma tendência a associar essas alterações no exame a doenças graves, como a leucemia, que afeta os glóbulos brancos. Porém, a maioria das causas de alteração no sangue são patologias benignas, entre as quais, anemia por deficiência de ferro, anemias hereditárias (como anemia falciforme) e púrpuras trombocitopênicas imunológicas, doença autoimune caracterizada pelo baixo nível de plaquetas no sangue, segundo explica a médica Maria Lucia de Martino Lee, hematologista do BP – Beneficência Portuguesa de São Paulo.

“É normal que os pediatras encaminhem os pequenos ao hemato após notarem algo diferente no sangue. O importante é continuar o acompanhamento com frequência e realizar exames de rotina. Isso porque um simples hemograma pode identificar claramente sinais iniciais de uma anemia, até quadros mais complexos de leucemia”, relata Maria Lucia.

Entre os diversos tipos de anemia, a mais comum é a chamada anemia carencial, provocada por falta de vitaminas como Ferro, B12 e ácido fólico. Seu tratamento é considerado simples, apenas com uma alimentação balanceada ou suplementação.

De acordo com dados do Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (Enani-2019), felizmente, os índices de anemia em crianças recuaram de 20,9%, em 2006, para 10%, em 2019. Mas ainda pedem atenção. Segundo a hematologista, a anemia pode surgir devido a erros alimentares, com dietas predominantemente lácteas em maiores de 6 meses sem introdução de frutas, legumes, verduras e carnes. “O tratamento inclui correção de hábitos alimentares, porque mesmo uma anemia por falta de vitamina precisa ser sempre corrigida”.

Além disso, a especialista comenta que grande parte dos casos que chegam aos consultórios, sobretudo os que estão em estágios iniciais, nem sequer podem ser diagnosticados como anemia, mas sim como deficiência de vitamina que pode evoluir para um quadro anêmico na falta do tratamento efetivo.

A profissional também reforça que, diferente do que se costuma dizer, uma “anemia mal curada” não vai se transformar em uma leucemia. O que acontece é que um paciente com leucemia pode desenvolver a anemia como consequência da doença, desde que não sejam as carenciais.

Principais sintomas de um câncer infantojuvenil 

A maioria das crianças com leucemia tem aumento de glóbulos brancos e poucos glóbulos vermelhos e/ou plaquetas. Ainda assim, somente o médico especializado pode confirmar o diagnóstico da doença, a partir também do resultado de outros exames, como uma análise de uma amostra de células da medula óssea.

De acordo com o GRAACC, entidade responsável pelo hospital referência em oncologia pediátrica no Brasil, é normal que alguns sintomas do câncer em crianças sejam confundidos com outros adoecimentos comuns para a idade. Os principais sintomas e sinais da doença são: 

  • Dores nos ossos, principalmente nas pernas, com ou sem inchaço;
  • Palidez inexplicada;
  • Fraqueza constante.
  • Aumento progressivo dos gânglios linfáticos
  • Manchas roxas e caroços pelo corpo, não relacionados a traumas;
  • Dores de cabeça, acompanhadas de vômitos;
  • Perda de peso;
  • Aumento ou inchaço na barriga;
  • Febre ou suores constantes e prolongados;
  • Distúrbios visuais e reflexos nos olhos;
  • Sinais precoces de puberdade: acne, voz grave, ganho excessivo de peso, pelos pubianos ou aumento do volume mamário nas meninas com menos de 8 anos e nos meninos com menos de 9 anos de idade;
  • Dor nas costas, que piora quando deitado de barriga para cima.

A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) salienta a importância da realização de consultas regulares aos pediatras para que seja feito um diagnóstico precoce do caso. Além disso, aponta que é fundamental procurar centros especializados em oncologia pediátrica, com equipe multiprofissional e com tratamento específico para crianças. 

LEIA TAMBÉM:

Gostou do nosso conteúdo? Receba o melhor da Canguru News, sempre no último sábado do mês, no seu e-mail.

DEIXE UM COMENTÁRIO

Por favor, deixe seu comentário
Seu nome aqui