Um tempo atrás escrevi um texto sobre qual é a visão do pai sobre o puerpério. Porém, essa visão se tornou um tanto limitada, pois os relatos eram de pais que já frequentavam rodas de paternidade há algum tempo.
Então, resolvi fazer uma nova pesquisa, agora um pouco mais “fora da minha bolha”, com alguns homens/pais que nunca frequentaram rodas de conversa ou tiveram qualquer outro tipo de bate papo sobre paternidade.
A pesquisa foi realizada com um total de 64 pessoas, sendo 20 homens e 22 casais, e sim, entrevistei os casais, pois muitas vezes as percepções entre homens e mulheres sobre o puerpério são bem diferentes.
A estatística mostra que:
- Somente 8 dos 20 homens sabem o que é o puerpério.
- Quase 70% dos casais sabiam o que era o puerpério (sendo 90% das respostas vindas das mulheres).
- Cerca de 75% dos homens precisaram voltar ao trabalho após 5 dias de licença paternidade.
- Somente 20% dos homens foram em todas as consultas de pré-natal.
- Apenas 10% dos homens se informaram sobre questões da amamentação.
- 95% dos homens afirmam que as informações sobre a gestação, parto, cuidados com o bebê e o próprio puerpério foram trazidos pela companheira e somente 20% tiveram interesse de pesquisar mais (por conta própria) depois de ter recebido a informação.
- 50% das mulheres afirmaram que os maridos ajudaram a cuidar do bebê (com 75% citando o acordar de madrugada como ajuda).
- Quase 95% dos casais afirmam que as discussões e os atritos aumentaram depois do nascimento do bebê.
Deixei dois temas clássicos para o final.
- Quase 70% dos homens disseram a famosa frase “O banho eu faço questão de dar”.
- Média de 50% dos homens não interromperam suas atividades físicas, como jogar bola ou ir para academia, durante o período do puerpério.
Depois dos dados estatísticos, separei algumas frases retiradas dessa pesquisa e da pesquisa anterior que acredito serem interessantes para entendermos como é o puerpério na visão do pai.
Somente um pequeno alerta, algumas frases a seguir podem criar gatilho.
“Me lembro que o período dos 40 dias foram fáceis, porque estava lá com elas, mas depois que voltei para o trabalho o negócio ficou muito tenso, eu voltava para casa e via uma mulher extremamente cansada tendo que cuidar sozinha de um bebê que ficava o tempo todo grudado no peito, eu ficava sem saber como ajudar.”
“Enquanto estávamos no hospital foi super de boa, eu pegava ele no colo e rapidinho ele parava de chorar, mas quando fomos para casa parece que nada funcionava, então deixei na mão da mãe, afinal ela que tinha peito”.
“Então, eu nunca tinha ouvido falar desse lance do puerpério, mas me lembro que eu e ela estávamos discutindo muito depois que meu filho nasceu, só melhorou depois que minha esposa encontrou esse grupo de mulheres “que também são mães” e elas saiam todos os dias para fazer alguma coisa com os bebês”.
“Eu tive que voltar a trabalhar depois de 5 dias, mas minha sogra estava lá em casa para ajudar, mas quando chegava em casa fazia questão de dar banho nele, afinal aquele era meu momento”.
“Eu deixava tudo pronto na noite anterior, água, comida, lanche, local para amamentação, deixava até um esquema de água quente para quando ele fizesse aquele cocô enorme. E quando chegava do trabalho, ainda lavava a louça, a roupa e varria a casa, foi o jeito que arranjei de participar dessa fase do puerpério. Acho muito injusto essa licença paternidade.”
“Me lembro da minha esposa dizendo que não tinha tempo nem para tomar água, eu achava isso um absurdo, como não tem tempo nem para tomar água? Um bebê não exige tanto assim o tempo todo.”
“A fase mais difícil do nosso puerpério foi a fase dos “pitacos” da família, ôôô coisa difícil lidar com mãe, pai, sogra e sogro que não entendem que a filha é nossa e não deles. Parece que eles imaginavam que não éramos capazes de cuidar da nossa filha. Mas por um lado irônico isso nos uniu mais, eu, minha companheira e minha filha”.
“Já tínhamos combinado antes do bebê nascer que não deixariamos de fazer nossas coisas, eu continuei indo no meu futebol sagrado de terças-feiras, mas ela preferiu ficar só cuidando do bebê”.
“O bebê não pegava peito de jeito nenhum, tentamos umas 10 vezes sem sucesso e ela queria insistir + 10 vezes, parece que era questão de honra para ela. Eu fui o primeiro a dizer que precisávamos dar mamadeira, pois o bebê iria morrer de fome. Ela fez que fez que foi sozinha consultar uma especialista de amamentação, depois disso o bebê começou a mamar super bem”.
“Queria preservar os cuidados dela com nosso filho, então cuidava do bem estar dela primeiro para que pudéssemos cuidar do nosso filho juntos”.
Pois é assim, simples e complexo, aterrorizante e aconchegante, intenso e leve, essa é a visão “geral” dos homens em relação a um dos períodos mais transformadores que a paternidade pode proporcionar.
Feliz dia dos pais conscientes!
*Este texto é de responsabilidade do colunista e não reflete, necessariamente, a opinião da Canguru News.
LEIA TAMBÉM: