Há mais ou menos cinco anos eu tomei uma das decisões mais difíceis da minha vida: pedir o divórcio de um casamento de dez anos, com duas filhas na bagagem.
Pedir o divórcio naquele momento significava abrir mão de um monte de coisas, dentre elas, não poder mais acordar todos os dias ao lado das minhas filhas, que na época, tinham quatro e dois anos.
Quando um casal chega nesse nível de tomada de decisão, a cabeça ferve, um turbilhão de coisas passam pela cabeça. Mas uma coisa nós dois tínhamos muito forte que era preservar ao máximo as meninas. Fazer com que aquele processo, que saberíamos que ia ser doloroso, doesse o mínimo possível nelas. E assim o fizemos e assim seguimos até hoje.
E eu não estou sozinho nessa história.
O Brasil registrou 341,1 mil divórcios em 2014, ante 130,5 mil registros em 2004. É um salto de 161,4% em dez anos. O dado está presente na pesquisa Estatísticas do Registro Civil 2014 divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Não bastasse isso, os números voltaram a crescer durante a pandemia, batendo recorde de 37,1 mil divórcios só no primeiro semestre de 2021, um aumento de 24% em relação ao mesmo período de 2020.
Portanto, temos de fato uma onda de divórcios acontecendo no país. E no meio desse tsunami, milhares de crianças e adolescentes que vão precisar aprender a conviver com um novo modelo de família. Um novo modelo que depende, essencialmente, da forma como os pais irão conduzir o relacionamento com os filhos daqui para frente e da forma como irão alinhar as novas regras do jogo.
As novas regras envolvem, por exemplo, quantos dias as crianças irão passar na casa do pai e da mãe, como serão as datas comemorativas – Natal, Ano Novo, aniversários – como irão decidir se a criança precisa mudar de escola, e se ela irá iniciar um novo esporte. É preciso saber também como os pais irão conduzir quando uma das partes iniciar um novo relacionamento. Como definirão os valores de pensão para que o impacto seja o menor possível no padrão de vida dos filhos e por aí vai. São tantas as perguntas, são tantas as variáveis, que não caberiam aqui.
Mas uma coisa, caro leitor, você pode ter certeza: Se todas essas perguntas forem respondidas com o foco único e objetivo no bem estar dos filhos, todas as respostas serão encontradas com mais facilidade e clareza.
Divórcio não é um processo simples, não é uma coisa trivial. Ter isso em mente, juntamente com a importância de se preservar ao máximo os filhos nessa história, fará toda diferença na forma como eles irão passar pelo processo e na forma como irão encarar o novo modelo de família que eles não escolheram. A bola agora está com você.
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