Da redação
Um vídeo de um bebê recém nascido que se movimenta sobre a mãe deitada em uma cama viralizou nas redes sociais, atingindo 12 mil visualizações e mais de 100.000 compartilhamentos. As imagens foram postadas em uma página da Nigéria no Facebook, chamada Pregnant Women Are Beautiful, que fala sobre gravidez e saúde, e mostram uma prática conhecida em inglês como breast crawl, reflexo de engatinhar até o seio da mãe, o que ajuda o bebê a se mover e facilita sua sobrevivência no novo mundo.
“É o contato imediato do bebê recém-nascido com a mãe, em que ele é colocado de barriga sobre a barriga dela e após alguns instantes inicia espontaneamente a busca pelo seio da mãe”, explica Marianna Muradas, educadora do Feldenkrais, método de educação somática que visa a manutenção e a recuperação da saúde, em São Paulo.
A educadora recorda que esse primeiro contato entre a mãe e seu filho é de extrema importância para o imprinting psicológico, neuromotor e endócrino. “Imprinting é o momento onde acontece o reconhecimento do bebê com a mãe, permitindo que uma espécie de carimbo psicológico e emocional aconteça, fortalecendo o vínculo entre eles”, diz Mariana que também é doula de parto. O movimento é comum em países da Europa, Estados Unidos, Canadá e India. No Brasil, contudo, segundo Mariana, a pausa para que esse reflexo seja ativado muitas vezes não é respeitada e permitida por conta de protocolos de alguns hospitais e desconhecimento da equipe médica da importância desse momento para a mãe e o bebê.
Para o obstetra paulistano Jorge Kuhn, a prática é interessante. “Mas só será possível caso a mãe recém-parida adote a posição de barriga para cima, já que nas posições verticais como de cócoras, por exemplo, seria difícil o bebê recém-nascido ‘escalar’ a mãe”, ressalta Kuhn.
A amamentação nas primeiras horas de vida é uma das recomendações de boas práticas para o parto pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
Benefícios para a mãe
Esse contato entre mãe e filho auxilia na contração do útero e expulsão da placenta, diminuindo o risco de uma hemorragia pós-parto, explica Mariana. Também facilita a produção de ocitocina, que será liberada na corrente sanguínea da mãe quando a sucção se iniciar e consequentemente produzirá a prolactina, hormônio responsável pela produção do leite materno. “A ocitocina é também conhecida como o hormônio do amor e se produzida em altas doses, tanto no cérebro da mãe quanto no do bebê, faz com que o reconhecimento e a ligação entre eles seja muito eficaz e potente”, completa a educadora.