Você já deve ter ouvido falar da criação com apego, não? Em geral, a gente entende essa expressão como uma maneira específica de educar os filhos e que está associada à amamentação prolongada, ao colo e à cama compartilhada. Mas não é só isso. A teoria do apego, criada pelo psiquiatra e psicanalista inglês John Bowlby, diz que o recém-nascido estabelece uma relação com seu cuidador primário, em geral, a mãe, para se desenvolver social e emocionalmente. A partir daí, a criança estabelece outras relações interpessoais ao longa da vida com o pai, familiares e outras pessoas.
A teoria do apego também pressupõe que todas as crianças têm apego – não existe, logo, uma criação sem apego. O que acontece é do apego da criança com a mãe ser seguro ou inseguro.
O apego seguro é o foco do livro espanhol Cuentos para El Desarrollo Emocional (Histórias para o Desenvolvimento Emocional), lançado em julho pelo psicólogo Rafael Guerrero e Olga Barroso. Segundo os autores, a obra traz histórias para ajudar os adultos a desenvolver o apego seguro tanto para si mesmos quanto para seus filhos.
Em entrevista ao El País, Rafael diz que 40% das crianças, adolescentes e adultos têm um ‘apego inseguro’, de acordo com pesquisas da área.
Isso significa que a maneira como se relacionam com os outros é insegura e, portanto, eles vivenciam situações de ansiedade.
“A ideia de que o apego só afeta bebês e crianças é um mito, pois começa no nascimento e dura toda a vida. Isso acontece porque os recém-nascidos e as crianças precisam de outras pessoas para sobreviver, enquanto os adultos, embora continuemos nos conectando, têm mais recursos e habilidades para enfrentar as situações do dia a dia”, afirma Rafael justificando porque decidiu escrever um livro sobre o assunto.
A obra traz 12 histórias que pretendem ensinar os leitores a aprender, entender e administrar corretamente as emoções. “Elas falam de desenvolvimento emocional. A ideia é empoderar a criança, mas também o adolescente e o adulto. São histórias voltadas para os adultos, para que possam entender de maneira mais descritiva o que esse capítulo explicou de forma teórica, e promovem o vínculo e a segurança. O objetivo é fazer com que as pessoas entendam que as crianças são dependentes e precisam que nos vinculemos a elas para lhes proporcionar contextos de segurança e proteção”, explica o psicólogo.
Ele também destaca a importância de não superproteger as crianças.
“É preciso escolher um ponto intermediário: em alguns momentos a autonomia deve ser incentivada (de acordo com a idade da criança, de maneira adequada) e, em outros, a proteção, o vínculo e o carinho. É importante que saibam que confiamos nelas e que sabemos que o erro é parte do processo… Tudo isso nos ajuda a entender a importância do vínculo seguro e da correta regulação das emoções”, relata Rafael.
Leia a entrevista completa com Rafael Guerrero no site El País.
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