O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) divulgou nesta quinta-feira 7) uma carta enviada a prefeitas e prefeitos eleitos para governar os 5.568 municípios brasileiros, em que pedem que eles deem “prioridade absoluta à educação e à reabertura segura das escolas.
O texto, assinado por Florence Bauer, representante do UNICEF no Brasil, ressalta que “o longo tempo de fechamento da maioria das escolas e o isolamento social têm impactado profundamente a aprendizagem, a saúde mental e a proteção de crianças e adolescentes”. E apesar dos esforços para organizar atividades remotas, milhões de crianças e adolescentes não foram alcançados e perderam o vínculo com a escola, correndo o risco de abandonar a educação definitivamente, destaca o comunicado. “Isso vai aprofundar ainda mais as desigualdades e impactar uma geração inteira”, diz Florence.
A representante afirma que as escolas desempenham um papel primordial na vida de meninas, meninos e suas famílias. “Elas proveem, primeiramente, uma educação essencial para que crianças e adolescentes desenvolvam o seu pleno potencial, exerçam a cidadania e se preparem para o mundo do trabalho. Mas há muito mais: as escolas também oferecem oportunidades para o desenvolvimento de competências de interação social e são essenciais à proteção contra diferentes formas de violência – incluindo a violência doméstica, que aumentou na pandemia. Além disso, um número considerável de crianças e adolescentes depende da merenda escolar para sua segurança alimentar.”
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Fundo cita práticas de escolas no exterior
Sobre a preocupação de famílias, professores e outros profissionais de educação quanto ao risco de contaminação com o coronavírus nas escolas, o Unicef declara compartilhar desse receio, mas destaca que a experiência de outros países mostra que a reabertura das escolas não causou um aumento das infecções.
No fim de 2020, um grupo de pediatras de todo o país criou o movimento “Lugar de criança é na escola”, em que pede urgência na reabertura de escolas públicas e particulares. Os médicos defendem que a volta às aulas presenciais pode ser feita com segurança para as crianças, visto que elas têm se mostrado pouco propensas a desenvolver a forma grave da Covid-19. O manifesto também cita o fato de que no exterior a volta às aulas presenciais não foi responsável por um grande aumento no número de casos.
Na carta, Florence diz que a forma da reabertura tem de ser adaptada à situação local e pode incluir elementos de educação híbrida, uma mistura de educação presencial e a distância, rodízio de estudantes em grupos pequenos, etc. – como sugerido nos protocolos que estão à disposição. “É imprescindível envolver professores, demais profissionais da educação, estudantes, seus familiares e a comunidade escolar nessa decisão.”
“Por tudo isso, dizemos: as escolas devem ser as últimas a fechar e as primeiras a reabrir em qualquer emergência ou crise humanitária. É fundamental empreender todos os esforços necessários para que as escolas de educação básica reabram no início deste ano escolar, em segurança. É um momento-chave que não podemos deixar passar”, complementa a carta.
O Brasil é um dos países que mais tempo passou com as escolas fechadas, segundo mostrou relatório da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) divulgado em setembro. Em outubro, cidades grandes como São Paulo retomaram as aulas presenciais, mas a volta era opcional e muitas famílias optaram por manter os filhos em casa. Para 2021, a previsão é de haja maior adesão às aulas presenciais. Pelo menos 15 estados já anunciaram suas datas de volta às aulas.
Esta semana, o Reino Unido anunciou um novo lockdown para conter a disseminação de nova cepa do coronavírus, obrigando o fechamento de todo o comércio não essencial e das escolas. Já a França decidiu reabri-las para todos os alunos do sistema público.
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