As notícias têm melhorado recentemente no que se refere à pandemia do novo coronavírus. Apesar de algumas áreas do país ainda estarem em alerta máximo para conter a propagação do vírus, São Paulo, o estado mais populoso do Brasil, já tem grande parte do seu território em fase verde, com possibilidade de começar a retomada das atividades cotidianas, inclusive com reabertura de escolas, desde que com todas as medidas de segurança.
Durante boa parte deste ano, porém, com as recomendações de isolamento, nos fechamos nas nossas casas e a exposição ao sol e as atividades ao ar livre – que por vezes já não eram adequadas mesmo antes da pandemia – diminuíram consideravelmente. Estávamos em período de outono/inverno, época em que normalmente nos expomos menos, mas agora, estando com a quarentena flexibilizada e em primavera/verão, você e sua família terão oportunidade de praticar esportes ao ar livre e se expor ao sol.
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É expondo nossa pele sem proteção aos raios solares ultravioletas B (UVB) que fabricamos 90% da nossa vitamina D.
É expondo nossa pele sem proteção aos raios solares ultravioletas B (UVB) que fabricamos 90% da nossa vitamina D. Vitamina essa considerada um pró-hormônio com papel crucial na saúde óssea, além de participar direta ou indiretamente da regulação dos sistemas imunológico, cardiovascular e endócrino, com estudos sugerindo que sua deficiência possa se associar a diabetes tipo 1, asma, dermatite atópica, alergia alimentar, doença inflamatória intestinal, artrite reumatoide, doença cardiovascular, doenças psiquiátricas e vários tipos de câncer.
As crianças estão em fase de crescimento e formação óssea intensa. É sabido que nossa reserva óssea é acumulada até o começo da idade adulta e são esses ossos que nos acompanharão até o fim das nossas vidas. Costumo dizer que fabricar osso é como construir uma parede: precisamos de tijolos (o cálcio), cimento (a vitamina D) e o pedreiro (atividade física). Sem esse trio não tem como produzir osso bom.
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Alimentos que contêm cálcio e vitamina D
O cálcio é encontrado em diversas fontes alimentares: leite e derivados lácteos, vegetais de folhas escuras, leguminosas como feijão e grão de bico, além de algumas oleaginosas como o gergelim. Já as fontes alimentares de vitamina D são mais restritas – salmão, sardinha, atum, óleo de fígado de bacalhau – por isso a importância das atividades ao ar livre: exercício físico e vitamina D garantidos.
Temos o sol disponível, no entanto, é fato que a deficiência de vitamina D é um dos distúrbios nutricionais mais frequentes em todo o mundo. Segundo dados da Sociedade Brasileira de Pediatria, estima-se que 1 bilhão de pessoas sofram de insuficiência ou deficiência dessa vitamina. No Brasil, embora a maioria da população resida em regiões de adequada exposição solar, a hipovitaminose D é um problema comum em lactentes, crianças e adolescentes.
Durante a pandemia, houve um momento em que se espalhou pelas mídias que a vitamina D tem papel protetor contra a COVID-19 e é plausível que os níveis da vitamina tenham interferência no sistema imune, pois já é comprovado que algumas células do nosso sistema de defesa têm receptores para ela. Porém, até o momento, nenhum estudo conseguiu comprovar a relação de causa e efeito. Em geral, pacientes que evoluem mal em vigência de infecções – quaisquer que sejam – somam fatores de risco múltiplos e não podemos culpar somente isso ou aquilo como principal fator. Promover esse tipo de afirmação – de que a vitamina protege – coloca uma população amedrontada sob risco de intoxicação ao se automedicar com doses inadvertidamente altas do suplemento vitamínico. Por tudo isso que foi exposto, a conversa com o pediatra em consulta médica é fundamental para avaliar a necessidade de mensuração da vitamina D, para que as orientações sobre exposição solar e fotoproteção na infância sejam feitas e a suplementação seja individualizada, caso necessária. Otimizar os níveis dessa nossa vitamina sol contribui não só para a saúde óssea da crianças, mas para a saúde como um todo.
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