O que a ciência diz sobre os riscos para as crianças na reabertura das escolas

A experiência no exterior mostra que medidas como distanciamento físico e uso de máscaras nas escolas podem fazer a diferença

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Riscos de reabertura das escolas
Buscador de educadores parentais
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A reabertura das escolas tem levantado discussões frequentes sobre os possíveis riscos de aumento do número de casos da covid-19 na população. No Brasil, a declaração do matemático Eduardo Massad, de que 17 mil crianças morreriam em todo o país caso as aulas presenciais fossem retomadas, deixou muitos pais assustados – o que, soube-se depois, não passou de um erro na divulgação do estudo. Ainda assim, muitas mães se mostram receosas em levar os filhos à escola quando as aulas presenciais voltarem. Mundo afora, cientistas realizam pesquisas e analisam as experiências bem-sucedidas dos países que já retomaram a rotina escolar para tentar chegar a um consenso.

Embora os estudos sobre o assunto sejam recentes, especialistas tendem a afirmar que tirar as crianças de casa e levá-las à escola não agravará a situação do contágio se os procedimentos corretos forem adotados – e se a transmissão da doença estiver sob controle.

É o que diz uma reportagem desta semana publicada pelo jornal The New York Times. Segundo o texto, a experiência no exterior mostrou que medidas como distanciamento físico e uso de máscaras nas escolas podem fazer a diferença.

Os riscos de reabertura das escolas “dependerão de quão bem as instituições de ensino contenham a transmissão, com máscaras, por exemplo, ou limitando a ocupação”, disse Lauren Ancel Meyers, professora de biologia e estatística da Universidade do Texas, Austin, para o jornal americano. Dependerá também das taxas de transmissão da comunidade, porque isso influencia no número de pessoas com potencial para levar o vírus à escola.

Joshua Sharfstein, professor da clínica da Escola de Saúde Pública Johns Hopkins Bloomberg, em Baltimore (Maryland) reforça: “Primeiro é preciso controlar a disseminação da comunidade e, em seguida, abrir as escolas conscientemente”.

Ainda, outro fator fundamental para evitar o contágio pela doença é manter o sistema híbrido de ensino, com aulas presenciais e remotas, fazendo com que o número de alunos nas escolas seja menor.

Experiências sobre a transmissão nas escolas

Ainda não existem estudos científicos rigorosos sobre o potencial de disseminação nas escolas, mas um número considerável de relatos de casos reforça a noção de que o alto risco de transmissão nas escolas pode sim ser impedido.

Até agora, os países que reabriram as escolas após a redução dos níveis de infecção – e impuseram requisitos como distanciamento físico e limites de tamanho de turma – não sofreram um aumento nos casos de coronavírus.

Na Noruega e Dinamarca, as escolas ficaram somente um mês fechadas, entre março e abril, e depois reabriram para as crianças mais novas. Para evitar o contágio pela doença, limitaram o número de alunos nas turmas e no recreio, aumentaram o espaço entre as mesas e fortaleceram os procedimentos de higienização. Não houve registro significativo de casos em nenhum dos dois países.

Um estudo na Irlanda também mostrou que a infecção de seis pessoas (sendo três alunos dos ensino fundamental e médio e três adultos) em uma escola não se propagou para outros alunos.

Mas houve surtos nas escolas em países com níveis mais altos de infecção comunitária e em países que aparentemente facilitaram as diretrizes de segurança muito cedo. Em Israel, mais de 200 estudantes e funcionários adoeceram com o vírus após as escolas reabrirem no início de maio e aumentarem os limites de tamanho de turma algumas semanas depois da reabertura, segundo um relatório de pesquisadores da Universidade de Washington.

Se protocolos como os de higienização e saúde não forem adotados, as escolas podem ajudar a incubar surtos, uma vez que tratam-se de ambientes fechados onde os estudantes, principalmente os mais jovens, têm dificuldade em se distanciar socialmente e nem sempre se preocupam em usar máscaras.

Crianças mais novas têm menos chances de infectar outras pessoas

Dados de todo o mundo mostram claramente que são poucas as crianças que ficam gravemente doentes com o coronavírus.. Mas existem muitas perguntas sem respostas, como a frequência com que as crianças são infectadas e qual o papel que elas desempenham na transmissão do vírus.

A maior preocupação com a reabertura de escolas é das crianças serem infectadas, muitas sem sintomas, e depois espalharem o vírus para outras pessoas, como familiares, professores e funcionários da escola.

O que as evidências mostram é que ainda que crianças menores de 12 anos sejam infectadas nas mesmas taxas que os adultos ao seu redor, elas têm menos probabilidade de propagar a doença. A Academia Americana de Pediatria citou alguns desses dados para recomendar que as escolas reabram com as devidas precauções de segurança.

Algumas pesquisas sugerem que crianças mais jovens são menos propensas a infectar outras pessoas do que os adolescentes, o que tornaria a abertura de escolas primárias menos arriscada do que as escolas secundárias. É o que mostram experiências ocorridas na França, por exemplo, que ao analisar a presença do vírus em alunos de diferentes níveis de ensino, constataram que os mais velhos podem transmitir o vírus mais facilmente do que os mais novos.

Clique aqui para ler a matéria do New York Times.

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