Deixar o filho pequeno na escola pode gerar várias inseguranças nos pais: será que ele vai se adaptar? Gostar do ambiente? Fazer amigos novos? Para dificultar, nem sempre é possível entender completamente as reações das crianças, como o choro, a birra e reclamações. Como saber se seu filho está realmente feliz na escola? O jornal El País reuniu diferentes especialistas para falar sobre os sinais de felicidade dos pequenos na sala de aula.
Para Rafael Bisquerra, diretor de pós-graduação em Educação Emocional e Bem-Estar da Universidade de Barcelona, é possível identificar sinais de contentamento em qualquer idade. “As boas relações sociais são o fator mais relevante para favorecer o bem-estar. Também há outros, como saúde, autoestima e sentir-se útil e importante, ou seja, saber que a criança é boa em alguma coisa”, afirma o professor.
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O que as crianças valorizam na escola
Para avaliar a felicidade da criança, os pais não devem se basear apenas no retorno dado pelos professores ou pelo desempenho nas atividades. É preciso analisar também se ela possui um círculo de amizades e sente-se capaz de ajudar outros ao seu redor, como uma tarefa pedida pela mãe ou pelo professor.
Lucía Losoviz, responsável pelo programa Cidades Amigas da Criança da Unicef na Espanha também destaca que os motivos que aumentam o bem-estar pessoal das crianças são “as relações com seus amigos e familiares”. Além disso, a representante diz que é importante fomentar a criação de hobbies, e dar tempo para as brincadeiras, de preferência, fora de casa.
Por outro lado, o que as crianças menos valorizam e o que lhes traz menos felicidade, segundo Lucía, é “brincar sozinho (à medida que crescem, valorizam um pouco mais), além da preocupação com desempenho escolar, vida no centro educacional e relacionamento com os professores”.
Mudar o sistema educacional
Para que a criança se sinta feliz na escola, Carmen Pellicer, presidente da Fundação Trilema, garante que “o sistema tradicional de notas, aprendizado mecânico e focado apenas em matemática ou linguagem, não é o mais apropriado para as crianças terem sucesso no sistema”. Para ela, “é necessária uma mudança real do sistema, especialmente na primeira infância e no ensino fundamental, que são os anos críticos para a criança adquirir o tom vital. Porque pensamos muito na adolescência, mas também é necessário trabalhar nas etapas anteriores”.
A educadora defende uma mudança e, acima de tudo, que o currículo integre outros tipos de ensinamentos na escola, como habilidades de aprendizado, especialmente socioemocionais, auto-regulação e pensamento crítico. Tudo o que prepara a educação do caráter da criança – não apenas o quanto ele sabe, mas como é, que tipo de personalidade ela adquire – é fundamental”.
Escolas e famílias são ambientes ideais para ajudar crianças a desenvolver uma consciência de bem-estar. Bisquerra enfatiza que é necessário que “os adultos atuem como modelos e contribuam para criar climas emocionais de bem-estar na família e na escola. Sabe-se que essa é a melhor estratégia para prevenir a violência e outros comportamentos de risco”.
Se quiser saber mais, leia a reportagem completa no site do El País (em espanhol).