A alienação parental é um termo usado para definir a prática que acontece quando a mãe ou pai manipula o filho para que ele rejeite o outro responsável, trazendo consequências diretas ao bem-estar emocional da criança e prejudicando o seu relacionamento com o outro adulto. Isso ocorre, principalmente, em caso de separações sem consenso, por iniciativa do parceiro que se sente rejeitado e decide usar os filhos para se vingar do outro.
“A alienação parental é abuso e violência infantil. As crianças passam a rejeitar um dos pais sem motivo aparente, normalmente ligado a questões conjugais do ex-casal, que passam a promover uma campanha de desqualificação do outro”, afirma Bárbara Hneliodora, advogada especialista em direito das famílias. Ela explica que a prática faz com que a criança rompa os vínculos de afeto com o genitor que está sendo alienado, com base em falsas memórias e até falsas denúncias de crimes graves, o que pode deixar marcas para toda a vida. A criança vítima de alienação parental pode apresentar sintomas como depressão, ansiedade, estresse emocional, raiva, medo e agressividade, dentre outras doenças psicossomáticas.
Ainda que possa ser bem adaptada à escola e integrada socialmente, a criança tende a apresentar dificuldade no momento de visita do genitor alienado, recusando-se a sair com ele, sem nenhuma razão ou por razões inteiramente fantasiosas, como medo infundado de ser maltratada pelo genitor, relata Letícia Peres, que também é advogada especialista em direito das famílias.
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Identificar os sinais desse processo é crucial para proteger a saúde mental dos filhos, destacam as especialistas. Entre os principais sinais de que eles podem estar sofrendo alienação parental, elas apontam:
1. Mudança repentina de comportamento: A criança, de uma hora para outra, pode passar a demonstrar hostilidade ou desinteresse pelo pai alienado, sem qualquer justificativa lógica. Isso geralmente reflete a pressão emocional imposta pelo outro responsável.
2. Rejeição sem explicação plausível: A recusa da criança em visitar ou manter contato com o genitor, com alegações frágeis ou irracionais, é um dos sinais mais evidentes de alienação parental.
3. Sentimento de culpa e manipulação emocional: A criança pode se sentir culpada por gostar do genitor alienado, aquele que é vítima das críticas do ex-parceiro. Ao mesmo tempo, caso mantenha um relacionamento positivo com ele, pode temer perder o afeto do alienador.
4. Relatos distorcidos: Muitas vezes, a criança começa a apresentar versões exageradas ou falsas de eventos relacionados ao genitor alienado, adotando um discurso que parece mais com o do alienador.
5. Dependência emocional de um dos pais: A criança pode se mostrar extremamente dependente do genitor alienador, resistindo a qualquer interação ou pensamento independente que envolva o genitor alienado.
6. Forte repulsa ao pai alienado: Se a criança considera ruim absolutamente tudo que vem do genitor alienado e de sua família extensa, esse deve ser um ponto de muita atenção. Bem como o fato de ela assumir uma posição declarada em favor do genitor alienador e apoiar as suas atitudes.
As advogadas reforçam a importância de um tratamento psicoterapêutico para ajudar a criança a entender melhor a situação e adquirir recursos para lidar com ela. “O tratamento deve mostrar à criança que em vez de dar crédito às alegações do genitor alienador, ela tem de focar na realidade das suas experiências concretas, sendo estimulada a tirar conclusões baseadas em suas próprias observações e reflexões durante as visitas, ao invés de fundamentadas no que lhes é dito pelo alienador”, concluem as especialistas.