Cerca de 15% das crianças com 5 anos ou mais sofrem de perda involuntária de xixi durante o sono. A condição conhecida como enurese noturna pode ser provocada por condições morfológicas das vias urinárias, fatores genéticos, hormonais e emocionais.
A apneia obstrutiva do sono, um distúrbio de sono que tem no ronco um dos seus principais sintomas, também pode levar a criança a fazer xixi involuntariamente enquanto dorme. “Os pais precisam levar o filho que ronca frequentemente ao médico para que seja feita uma investigação”, adverte o pediatra Gustavo Moreira, médico do Instituto do Sono.
A apneia obstrutiva do sono é causada pelo fechamento total ou parcial das vias aéreas durante o sono, provocando a parada momentânea da respiração. Segundo a Fundação Nacional do Sono, nos Estados Unidos, esse distúrbio de sono leva à enurese noturna porque acelera a produção de um hormônio, chamado peptídeo natriurético atrial, impelindo os rins a excretar urina extra durante o sono.
Mais do que provocar constrangimento, o problema costuma exercer um grande impacto psicológico sobre a criança que, por sua condição, pode se isolar e passar por momentos de estresse, ansiedade e medo de exposição.
As causas da enurese noturna
O histórico familiar pode explicar porque a criança molha a cama. A Fundação Nacional do Sono explica que uma criança tem 50% de risco de apresentar o problema, caso um dos pais tenha tido enurese noturna na infância. E se o pai ou a mãe enfrentou o problema quando tinha mais de 5 anos, o risco de o filho ter também nessa idade sobe para 75%.
A incontinência urinária durante o dia também pode ser um indicativo de que a enurese noturna esteja associada às condições das vias urinárias. Já mudanças impactantes na família, como o nascimento de um irmão, a separação dos pais ou a morte de um parente podem servir de gatilho para a enurese noturna de origem emocional.
Questões comportamentais também podem fazer surgir o problema. “Crianças que bebem muito líquido antes de ir para cama à noite ou dormem em horários irregulares têm mais propensão de fazer xixi na cama durante o sono”, esclarece Moreira.
Apneia obstrutiva do sono
O ronco três vezes por semana, engasgos noturnos, respiração pela boca, sono agitado e hiperatividade durante o dia são sintomas de apneia obstrutiva do sono. Esse distúrbio acomete entre 1% e 5% das crianças, especialmente dos 2 a 8 anos de idade. Se não tratado, opediatra ressalta que pode afetar o aprendizado e retardar o crescimento, elevando a hipertensão arterial e aumentando o risco de doença cardíaca na vida adulta.
Na infância, os fatores de risco para apneia obstrutiva do sono são amígdalas e/ou adenoide grandes, obesidade, conformação dos ossos da face que levam à respiração pela boca, rinite alérgica e histórico familiar. O diagnóstico é feito após a realização da polissonografia, um exame não invasivo que mede a atividade respiratória, muscular e cerebral durante o sono.
Diante do resultado, o médico irá prescrever o tratamento, que poderá envolver desde dieta para perda de peso até a cirurgia para a remoção das amígdalas e da adenoide. Se tiver rinite alérgica, a criança deve fazer um tratamento específico, para que as alergias não causem inchaço nem congestão nasal. Quando necessário, o médico encaminhará a criança para avaliações ortodônticas, que irão detectar possíveis anomalias como respiração oral, mordidas aberta ou cruzada, face alongada e crescimento mandibular reduzido.
Para orientar os pais, o Instituto do Sono, com apoio da AFIP (Associação Fundo de Assistência à Pesquisa), dedicou um fascículo da coleção de gibis Dona Ciência ao tema, que pode ser acessado gratuitamente pelo endereço: https://institutodosono.com/dona-ciencia-edicao-39/.
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