Você sabia que 90% dos acidentes com crianças e adolescentes poderiam ser evitados, com medidas simples?

Em entrevista exclusiva, pediatra aponta mudanças simples que fazem a diferença na prevenção e podem salvar vidas
Criança abrindo porta de forno
Foto: Freepik
Criança abrindo porta de forno Foto: Freepik

 

 

Os acidentes são a principal causa de morte entre crianças e adolescentes no Brasil, superando qualquer outra condição de saúde. De acordo com a Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP), grande parte deles acontece dentro de casa, justamente onde os pequenos deveriam estar mais seguros.

Por isso, a instituição criou a campanha Dezembro Vermelho, dedicada à prevenção de acidentes. O alerta é claro: situações comuns do cotidiano continuam causando danos graves a milhares de crianças. Em entrevista exclusiva ao Canguru News, a pediatra Sarah Saul, presidente do Departamento Científico de Segurança da Criança e do Adolescente da SPSP, reforçou a gravidade do tema. “Os acidentes são previsíveis e evitáveis. Quando falamos que 90% dos acidentes poderiam ser prevenidos, isso não é uma estimativa solta — é dado científico, fruto de décadas de estudos”, afirma.

De acordo com a especialista, quedas, queimaduras, intoxicações, sufocação, afogamento e acidentes com trânsito seguem liderando as estatísticas ano após ano. “A casa é um ambiente cheio de potenciais riscos: escadas, janelas, panelas no fogão, produtos de limpeza ao alcance, baldes com água. É preciso que a família enxergue esses perigos antes que eles se tornem um acidente”, alerta a médica.

Ao contrário do que muitos adultos imaginam, acidentes não são “má sorte” ou “coisas que acontecem”, mas eventos previsíveis. “Acidente não é inevitável. Acidente é falha de prevenção”, aponta.

Para a pediatra, as crianças estão mais expostas a riscos hoje do que há algumas décadas, seja pela rotina corrida das famílias, seja pela falta de ambientes seguros. “Muitas casas não têm telas de proteção, não têm barreiras em escadas, e as pessoas ainda subestimam o quanto uma criança pequena consegue alcançar, abrir ou puxar”, diz. Outro ponto crítico é a velocidade com que acidentes acontecem: “Basta um segundo de distração para uma tragédia. Estamos falando de eventos silenciosos e muito rápidos”, acrescenta. Quem tem um pequeno em casa sabe como a realidade é exatamente essa.  

Como prevenir: o que funciona e o que não funciona

Segundo a especialista, a prevenção não se resume a um conjunto de dicas soltas, mas deve ser um comportamento contínuo. Algumas dicas importantes são:     

  • Organizar a casa pensando na criança, não no adulto.
  • Manter produtos tóxicos sempre trancados, nunca apenas em local “alto”.
  • Instalar telas, grades e travas e checá-las regularmente.
  • Criar barreiras físicas em escadas e áreas de risco.
  • Evitar improvisos, como usar cadeiras ou móveis como apoio.

A pediatra faz, ainda, outro alerta importante. “Supervisão não substitui medidas de segurança. Você pode estar do lado da criança e, mesmo assim, um acidente acontecer se o ambiente não estiver preparado”, destaca. “Prevenção não é exagero. É cuidado. A gente só percebe o perigo quando ele já aconteceu — e aí pode ser tarde demais”, diz.

Para ela, campanhas como o Dezembro Vermelho ajudam a trazer o tema de volta ao centro das conversas familiares. “Falar sobre acidentes salva vidas. Organizar a casa salva vidas. Informar salva vidas”, completa.

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