Logo nos primeiros anos de vida, as crianças começam a notar as diferenças entre nós, seres humanos, e perguntar para os adultos os porquês. Seja em relação ao gênero, cor da pele, forma de falar, não enxergar ou usar cadeira de rodas. Esse tipo de curiosidade é natural e cabe aos mais velhos dar aos pequenos respostas respeitosas que valorizem a diversidade humana e incentivem o convívio entre todos.
É, por exemplo, fundamental conversar sobre deficiência com as crianças. Como se estivéssemos lendo o mundo para elas, tal como defendia o educador brasileiro Paulo Freire, vamos mostrando que diferenças existem e devem ser vistas sempre de forma positiva, como componentes de nossa espécie. Nesse processo, uma dica importante é ouvir atentamente o que meninas e meninos têm a dizer. Deixe que falem sem interrupções para entender a linha de raciocínio para só então fazer mais perguntas ou determinada afirmação.
Ao mesmo tempo, cuide do seu próprio discurso. Lembre-se de que suas falas serão compreendidas como verdades quase absolutas em um primeiro momento e, por esse motivo reproduzidas. Por isso, evite chavões, não se prenda a respostas genéricas ou pré-conceitos estabelecidos. Em relação ao tema, é importante não se referir a pessoas com deficiência com tom ou palavras que denotem pena ou inferiorização, como “coitada”, “doentinho”, “downzinho” ou “ceguinha”. Desconstruir a ideia de que a criança ou o adulto com deficiência é vítima ou uma pessoa especial é o primeiro passo para educar para a diversidade. Mostre para as crianças que, tal como qualquer cidadã ou cidadão, a pessoa com deficiência tem direito de estar nos lugares, participar das brincadeiras e realizar o que quiser, com a diferença de que, dependendo do tipo de atividade ou tarefa a ser realizada, pode precisar de apoio. Mas, qual de nós não precisa de apoio ao longo da vida para realizar nossas atividades?
No Brasil, a pessoa com deficiência ainda é muito rotulada e muitas vezes definida apenas pelos seus impedimentos – quando, na verdade, essas características não diminuem suas potencialidades. No entanto, essas relações que estabelecemos com base em estereótipos constituem um cenário que as expõe e as torna mais vulneráveis a preconceitos. Assim, é importante permitir que, desde cedo, todas as crianças tenham contato entre si, brinquem e frequentem ambientes diversos. Interagir é básico para que possamos aprender a lidar com o mundo de forma respeitosa e interessante, indo além de nossas próprias fronteiras.
Para finalizar, deixamos o exemplo da Escola Clarisse Fecury, uma unidade de Ensino Fundamental da rede pública de Rio Branco, no Acre. Nela, estavam matriculados 13 estudantes com deficiência auditiva e, por conta de uma iniciativa da direção, estudantes ouvintes desfrutaram da oportunidade de aprender a Língua Brasileira de Sinais (Libras). Com isso, tiveram condições reais de socialização e convivência – trazendo benefícios para a aprendizagem de todas e todos sem exceção. Relatos como esse estão disponíveis no Portal DIVERSA (www.diversa.org.br) e deixam explícito que uma sociedade mais inclusiva é melhor para todas e todos!
*Integrantes do Instituto Rodrigo Mendes
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