Por Luciana Ackermann
Focar na pior refeição da casa e ir fundo para mudá-la, é a primeira medida a ser tomada para melhorar a rotina alimentar de uma família. Acrescente à prática uma dose generosa de boas escolhas: “Tudo pode exceto os ultraprocessados”, afirma Rita Lobo, chef, apresentadora e empresária que vem ensinando o brasileiro a se alimentar com comida de verdade e a descobrir o prazer e a importância de passar mais tempo na cozinha.
“Aprender a cozinha é bom para todas as pessoas, fundamental para quem tem filhos pequenos que ainda não são capazes de fazer escolhas…”
Para isso, mantém site, livros, programas na TV e Youtube. “Aprender a cozinha é bom para todas as pessoas, fundamental para quem tem filhos pequenos que ainda não são capazes de fazer escolhas. Eu, mesmo já com o site do Panelinha, entrava em pânico porque não queria errar com meus filhos” expõe Rita, que muito cedo e por influência da cultura de sua família percebeu os encantos e o poder de se fazer do sentar-se à mesa entorno de uma boa refeição.
No 4º Seminário Internacional de Mães, Rita entrega de bandeja um olhar pra lá de carinhoso sobre o assunto: “A cozinha deve ser um lugar vivo, de afeto, um espaço para alimentar as relações não só com nutrientes”.
A chef cita a parceria do Panelinha com o Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde (Nupens), da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, que há 30 anos observa a alimentação dos brasileiros. Um estudo identificou que a partir de meados da década de 1980 os índices de obesidade passaram a crescer enquanto também foi constatado a queda no consumo de açúcar, sal e óleo, geralmente, apontados como os grande vilões da alimentação. Ou seja, a troca da comida caseira pelo fast-food e o congelado industrializado já deu sinais claros do prejuízo à saúde da população. A alimentação é algo muito mais complexo do que se tem em mente. “Cozinha é uma ferramenta contra a obesidade, uma arma para combater o sistema da indústria alimentar, em constante disputa por um lugar no prato das refeições de cada dia”.
Quanto aos ultraprocessados, dispara que são repletos aditivos químicos e não devem nem ser considerados como comida de verdade. “O truque é simples leia o rótulo e veja encontrar um monte de coisa que você não teria em casa é ultraprocessado. No biscoito de maizena há 14 ingredientes, eu tenho uma receita que leva farinha, açúcar e manteiga”.
Outro exemplo prático da a chef e empresária:
- O acabaxi – In natuta
- Em caldas (lata) – Processado, passa por técnicas semelhantes ao in natura
- Gelatina de abacaxi – Ultraprocessado não tem nada mais do abacaxi
O consumo do ultraprocessado gera confusão no cérebro que identifica o sabor da fruta, fica à espera dos nutrientes, que não chegam ao organismo. Também defende a valorização tradicional dieta do brasileiro composta pelo arroz e feijão, claro, sem o uso de caldos artificiais. “Cozinhar é libertador, com três ovos você pode preparar uma deliciosa omelete. Ser capaz de fazer a própria comida dá sensação de vitória. É uma forma de se ligar à natureza”, afirma ela complementado . “Não é gastar tempo na cozinha, mas investir na saúde, no amor, no cuidado.”