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Qual a idade ideal para apresentar uma modalidade esportiva ao seu filho?
Por Daniele Franco

VOCÊ JÁ DEVE ter ouvido falar que, para ter algum futuro no esporte ou mesmo gosto pela atividade física, o melhor é começar a praticar bem cedinho, não é mesmo? A resposta é: sim e não.Especialistas ouvidos pela reportagem concordam que o contato com as várias modalidades esportivas a partir dos 5 anos de idade traz uma série de benefícios para os pequenos que eles vão carregar vida afora. “Quando a criança faz esporte, ela adquire disciplina, concentração, e a sua condição de aprendizado em geral é aprimorada”, diz Carlos Eduardo Reis da Silva, diretor do Comitê de Medicina do Esporte da Sociedade Mineira de Pediatria.
Por outro lado, o médico não recomenda que os pais elejam um esporte específico enquanto a criança é ainda muito pequena: “Antes dos 10 anos, não é recomendável a dedicação a uma atividade única, pois, assim, a criança acaba desenvolvendo apenas o grupo motor necessário para aquela atividade”.
Seja como for, dois pré-requisitos são importantes na hora de matricular seu filho em um curso esportivo: respeitar a vontade e o gosto do pequeno e apresentar as modalidades esportivas de maneira lúdica.
São essas a premissas da boa e velha educação física, disciplina presente nas escolas desde a educação infantil. Para o educador físico escolar e professor da UFMG Túlio Campos, mais do que incentivar a prática de esportes, a educação física escolar tem um viés sociocultural. “A criança aprende a apreciar o esporte quando assiste à aula, aprende a jogar, mesmo que sem refinamento, e sabe o porquê de cada regra e ação”.
Os cursos básicos de esporte, oferecidos por clubes, têm a mesma preocupação. No Minas Tênis Clube, por exemplo, o curso já atende crianças a partir dos 3 anos, quando elas são estimuladas a exercer movimentos básicos, como pular, rolar, correr e quicar. Foi com essa idade que o pequeno João, filho da arquiteta Renata Rocha, 40, e do engenheiro Laurindo Almeida, 42, começou a frequentar o curso no clube. Hoje com 4 anos, o pequeno se diverte com as atividades e já chama o momento de ir para o curso de “hora do esporte”. A mãe conta que sua pretensão não é que ele siga uma carreira profissional, mas que ele tenha instrumentos adequados para encontrar e seguir o próprio caminho.

Carlos Eduardo afirma que essa consciência dos pais é fundamental para evitar a frustração, tanto enquanto criança quanto como adulto: “É importante que os pais tenham a consciência de que o resultado competitivo não deve ser a prioridade, e sim a saúde mental e física da criança”.
Além da saúde, o esporte na infância é importante para estimular a rotina e a organização desde cedo. É o que acredita o arquiteto de sistemas Rafael Lobato, 34, que há um ano também matriculou o filho Daniel, 5, no curso básico de esportes. “Ele adora o curso e já organiza a própria agenda de acordo com os dias em que tem que ir ao clube. Por mais que ele não siga uma carreira no esporte, a experiência é fundamental para a formação dele como pessoa, forma o caráter e dá mais autoconfiança”, diz Rafael. O pequeno esportista anda dizendo que quer fazer alguma arte marcial, talvez por observar o pai preparando-se para os treinos de krav magá.
O atleta que se pode descobrir
Mesmo que esta não deva ser a prioridade dos pais, há casos em que o contato com esportes desde cedo permite às crianças se tornarem atletas na adolescência e na fase adulta. Foi o que aconteceu com o nadador profissional Miguel Valente, que foi à sua primeira aula do curso básico de esportes do Minas Tênis Clube aos 5 anos, onde descobriu sua paixão pelas piscinas, e já começou a treinar todos os dias na equipe de competição do clube aos 8 anos. Em 2016, foi um dos representantes mineiros nos Jogos Olímpicos do Rio. Aos 23 anos, Miguel hoje tenta conciliar a rotina de nove treinos semanais com a faculdade de engenharia de controle e automação. Para o nadador, uma das principais vantagens de ter começado cedo no esporte é o que se aprende para a vida: “Mesmo que não seja para se profissionalizar depois, o esporte ajuda a cultivar disciplina e comprometimento”. Ele ainda conta que conheceu na natação seus melhores amigos.
Márcia Reis, gerente de educação do Minas Tênis Clube, diz que, apesar do caso de Miguel Valente, o intuito principal do curso básico não é a formação de atletas de alto rendimento: “O objetivo é proporcionar uma vivência diversificada do movimento e apresentar diversas modalidades à criança, que tem sempre respeitadas as características do seu desenvolvimento motor”.
Atleta nos genes
Naquelas crianças em quem o “perfil de atleta” já foi identificado, os pais têm mais uma opção de direcionamento. Por pouco mais de R$ 500, um exame de mapeamento genético mostra a predisposição para determinados tipos de esportes. O teste analisa dois genes específicos, o ACTN3 e o ACE, que trazem informações de força muscular, rapidez da contração e metabolismo muscular. Ao final do exame, o laudo traz uma lista de esportes com os quais a criança poderia se dar bem, já que possui um fator genético a seu favor.A reportagem encontrou dois laboratórios que realizam o exame em Belo Horizonte: o Laboratório São Marcos e o Visiongen.
Canguru News
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