Qual a idade ideal para apresentar uma modalidade esportiva ao seu filho?

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Confira qual a idade ideal para apresentar as várias modalidades esportivas ao seu filho e os benefícios que ele pode ter, mesmo que não se torne exatamente um atleta
 

Por Daniele Franco

João Laurindo já pratica o curso básico de esportes do Minas | Foto: Gustavo Andrade

VOCÊ JÁ DEVE ter ouvido falar que, para ter algum futuro no esporte ou mesmo gosto pela ati­vidade física, o melhor é começar a praticar bem cedinho, não é mesmo? A resposta é: sim e não.Especialistas ouvidos pela reportagem concor­dam que o contato com as várias modalidades esportivas a partir dos 5 anos de idade traz uma série de benefícios para os pequenos que eles vão carregar vida afora. “Quando a criança faz esporte, ela adquire disciplina, concentração, e a sua condição de aprendizado em geral é aprimo­rada”, diz Carlos Eduardo Reis da Silva, diretor do Comitê de Medicina do Esporte da Sociedade Mineira de Pediatria.

Por outro lado, o médico não recomenda que os pais elejam um esporte específico enquanto a crian­ça é ainda muito pequena: “Antes dos 10 anos, não é recomendável a dedicação a uma atividade única, pois, assim, a criança acaba desenvolvendo apenas o grupo motor necessário para aquela atividade”.

Daniel, de 5 anos: ele organiza a agenda de acordo com os dias de ir ao clube | Foto: Arquivo PessoalSeja como for, dois pré-requisitos são impor­tantes na hora de matricular seu filho em um curso esportivo: respeitar a vontade e o gosto do pequeno e apresentar as modalidades esportivas de maneira lúdica. 

São essas a premissas da boa e velha educa­ção física, disciplina presente nas escolas desde a educação infantil. Para o educador físico esco­lar e professor da UFMG Túlio Campos, mais do que incentivar a prática de esportes, a educação física escolar tem um viés sociocultural. “A crian­ça aprende a apreciar o esporte quando assiste à aula, aprende a jogar, mesmo que sem refinamen­to, e sabe o porquê de cada regra e ação”.

Os cursos básicos de esporte, oferecidos por clubes, têm a mesma preocupação. No Minas Tê­nis Clube, por exemplo, o curso já atende crian­ças a partir dos 3 anos, quando elas são estimu­ladas a exercer movimentos básicos, como pular, rolar, correr e quicar. Foi com essa idade que o pequeno João, filho da arquiteta Renata Rocha, 40, e do engenheiro Laurindo Almeida, 42, co­meçou a frequentar o curso no clube. Hoje com 4 anos, o pequeno se diverte com as atividades e já chama o momento de ir para o curso de “hora do esporte”. A mãe conta que sua pretensão não é que ele siga uma carreira profissional, mas que ele tenha instrumentos adequados para encontrar e seguir o próprio caminho.

Infografia Canguru

Carlos Eduardo afirma que essa consciência dos pais é fundamental para evitar a frustração, tanto enquanto criança quanto como adulto: “É importante que os pais tenham a consciência de que o resultado competitivo não deve ser a prio­ridade, e sim a saúde mental e física da criança”.

Além da saúde, o esporte na infância é importan­te para estimular a rotina e a organização desde cedo. É o que acredita o arquiteto de sistemas Rafael Loba­to, 34, que há um ano também matriculou o filho Daniel, 5, no curso básico de esportes. “Ele adora o curso e já organiza a própria agenda de acordo com os dias em que tem que ir ao clube. Por mais que ele não siga uma carreira no esporte, a experiência é fundamental para a formação dele como pessoa, forma o caráter e dá mais autoconfiança”, diz Rafael. O pequeno esportista anda dizendo que quer fazer alguma arte marcial, talvez por observar o pai prepa­rando-se para os treinos de krav magá.

O atleta que se pode descobrir

Miguel Valente, atleta olímpico: os melhores amigos do nadador profissional foram conquistados nas piscinas | Foto: Orlando Bento / DivulgaçãoMesmo que esta não deva ser a prioridade dos pais, há casos em que o contato com esportes des­de cedo permite às crianças se tornarem atletas na adolescência e na fase adulta. Foi o que aconteceu com o nadador profissional Miguel Valente, que foi à sua primeira aula do curso básico de esportes do Minas Tênis Clube aos 5 anos, onde descobriu sua paixão pelas piscinas, e já começou a treinar todos os dias na equipe de competição do clube aos 8 anos. Em 2016, foi um dos representantes mineiros nos Jogos Olímpicos do Rio. Aos 23 anos, Miguel hoje tenta conciliar a rotina de nove treinos semanais com a faculdade de engenharia de contro­le e automação. Para o nadador, uma das principais vantagens de ter começado cedo no esporte é o que se aprende para a vida: “Mesmo que não seja para se profissionalizar depois, o esporte ajuda a cultivar disciplina e comprometimento”. Ele ainda conta que conheceu na natação seus melhores amigos.

Márcia Reis, gerente de educação do Minas Tênis Clube, diz que, apesar do caso de Miguel Valente, o intuito principal do curso básico não é a formação de atletas de alto rendimento: “O objetivo é proporcionar uma vivência diversifi­cada do movimento e apresentar diversas moda­lidades à criança, que tem sempre respeitadas as características do seu desenvolvimento motor”.

Atleta nos genes

Naquelas crianças em quem o “perfil de atleta” já foi identificado, os pais têm mais uma opção de direcionamento. Por pouco mais de R$ 500, um exame de mapeamento genético mostra a predisposição para determinados tipos de esportes. O teste analisa dois genes específicos, o ACTN3 e o ACE, que trazem informações de força muscular, rapidez da contração e metabolismo muscular. Ao final do exame, o laudo traz uma lista de esportes com os quais a criança poderia se dar bem, já que possui um fator genético a seu favor.A reportagem encontrou dois laboratórios que realizam o exame em Belo Horizonte: o Laboratório São Marcos e o Visiongen. 

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