A Pfizer informou nesta quarta-feira (27) que deve pedir autorização à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para uso da vacina Pfizer/Biontech em crianças entre 5 e 11 anos de idade. Segundo nota da farmacêutica, que pode ser lida aqui, o pedido deve ser feito ainda no mês de novembro, porém, não há uma data definida. O imunizante da multinacional farmacêutica é o único aprovado pela Anvisa, desde junho, para uso em crianças e adolescentes acima de 12 anos.
Segundo a empresa divulgou na última sexta-feira (22), a taxa de eficácia desse imunizante é de 90,7% em crianças entre 5 e 11 anos. O dado teve como base um estudo que acompanhou 2.268 crianças de 5 a 11 anos, que receberam duas doses da vacina ou placebo, com três semanas de intervalo. A pesquisa constatou que, do total, 16 crianças que receberam o placebo foram infectadas com Covid-19, em comparação com três que receberam o imunizante. A dosagem utilizada nesse público deve ser menor, de 10 microgramas, enquanto para adultos e crianças acima de 12 anos é de 30 microgramas.
Nos Estados Unidos, um comitê consultivo independente da agência reguladora norte-americana Food and Drug (FDA) recomendou nesta terça-feira (26) a aplicação da vacina da Pfizer em crianças entre 5 e 11 anos.
Embora a recomendação do comitê não seja obrigatória, a agencia reguladora costuma acatar as orientações do grupo. Caso isso ocorra, será preciso ainda o aval do órgão de saúde norte-americano, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), que deverá estabelecer os protocolos para iniciar o uso do imunizante Pfizer em crianças dessa faixa etária. A expectativa é que talvez já na próxima semana comece a vacinação do público infantil – cerca de 28 milhões de pessoas.
No Brasil, ainda não há previsão de inicio de imunização das crianças de até 11 anos. A vacina Coronavac não foi aprovada pela Anvisa para uso em crianças, que solicitou mais dados à fabricante, os quais, segundo a agência, ainda não foram enviados.
Sem vacina e com a volta às aulas presenciais, estudo destaca risco maior de Covid em crianças
A falta de previsão de vacina para o público de 0 a 11 anos de idade, neste momento de volta às aulas presenciais, pode levar a um aumento do risco de Covid-19 no público infantil no Brasil. O alerta é de um estudo divulgado nesta terça-feira, (26), pela Rede Pesquisa Solidária, grupo formado por instituições públicas e privadas, com profissionais de áreas diversas, como cientistas políticos, sociólogos, médicos, psicólogos e antropólogos.
O estudo destaca que crianças e jovens menores de 12 anos permanecem sem acesso à vacina, e apenas 8% dos jovens entre 12 e 17 anos contam com a imunização completa. “Em momento delicado de retorno às aulas presenciais, essa população com menos de 18 anos, que representa quase 25% da população do país, tem sido negligenciada nos esforços em detectar o vírus por meio do uso de testes e nas análises sobre o possível aumento na incidência de casos, hospitalizações, óbitos e sequelas causadas pela infecção por COVID-19”, afirma nota técnica sobre o assunto.
A pesquisa avalia que o retorno às escolas exigiria uma ampliação da testagem e reforço de medidas preventivas, principalmente devido “ao cenário epidemiológico ainda pouco favorável ao retorno presencial”.
Testagem em crianças é bem menor do que em adultos
Segundo a nota, a adoção de testes para identificação de casos positivos em crianças e adolescentes é menor do que em outras faixas etárias. No caso do estado de São Paulo, por exemplo, somente 2,7% dos testes feito em escolas públicas se referiram a crianças entre 3 e 11 anos, em 2020, porcentagem que subiu em 2021 para 4,6%, mas segue inferior à média do restante da população, diz o estudo. O mesmo vale para adolescentes entre 12 e 17 anos: 3,1% deles foram testados em 2020, passando para 4,7% em 2021.
O estudo destaca ainda que as taxas de crianças e adolescentes hospitalizadas, inclusive precisando de ventilação mecânica e outros cuidados intensivos, e mortas pela Covid-19 no Brasil continuam altas em 2021. A letalidade hospitalar tem se mantido entre 4 e 5%. Outro ponto de atenção, segundo os pesquisadores, diz repseito ao fato de não existirem estudos dedicados a avaliar Covid Longa em crianças e adolescentes no Brasil. “Ainda que o risco de apresentarem quadros graves da doença em comparação com outras faixas etárias seja menor, há evidências de sequelas da infecção por Covid-19 em crianças e adolescentes, mesmo após quadro leve da infecção na fase aguda”, pontua o relatório.
Acesso ao estudo completo aqui.
LEIA TAMBÉM: