Passeio que Luís Giffoni recomenda neste mês: as maravilhas da Amazônia

Leia a coluna de Luís Giffoni na #Canguru de agosto, está imperdível!

Por Luís Giffoni

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O Teatro Amazonas | Foto: Portal da Copa / Embratur

 

Os europeus diziam que jamais uma grande metrópole ou civilização surgiria nos trópicos. Manaus desmentiu a crença. Durante o auge do Ciclo da Borracha (1890-1910), a cidade viveu um fausto semelhante ao de capitais do Velho Continente. Muito dinheiro rolou por lá. Os mais ricos chegaram a mandar suas roupas para lavar em Paris, a fim de que ficassem mais brancas e cheirosas. Tanta grana deixou um precioso legado arquitetônico que hoje leva a Manaus milhares de turistas de todas as idades. Para a garotada, há muito de nossa história, além da exuberância da natureza.

O ponto turístico mais conhecido de Manaus é o Teatro Amazonas. Inaugurado em 1896, em predominante estilo renascentista, recebeu os mais famosos artistas da época. Dá gosto visitar seu interior. Rebuscado, luxuoso, com acabamento, objetos e obras de arte vindos de diversos países. Os vários andares da plateia se associavam aos níveis sociais e ao preço dos ingressos. Dizem que seu interior é habitado por dezenas de fantasmas, sobretudo de cantores que ali se apresentaram. Uma ópera inteira já teria sido executada pelo elenco ectoplásmico. Uma atração a mais para as crianças. Quem sabe algumas terão o privilégio de ver no palco um tenor do ano 1900 em plena performance?

Existem em Manaus outros prédios históricos dignos de visita, porém a natureza é a grande estrela da viagem. Para jovens e adultos. O Museu da Amazônia oferece o primeiro contato com a enormidade da floresta. A vista desde a sua torre mostra a diversidade das plantas e explica por que a Amazônia foi chamada de “inferno verde” ou “pulmão do mundo”. O encontro das águas escuras do Negro com as barrentas do Amazonas dá uma ideia do tamanho desses rios que não se misturam. Navega-se no limite entre as águas por quilômetros. O arquipélago das Anavilhanas, o segundo maior arquipélago fluvial do planeta, tem caminhadas dentro da floresta, muitos bichos, árvores gigantescas e cardumes de piranhas. Índios guiam as visitas e explicam as propriedades medicinais das ervas.

Há um programa na região que poucos conhecem. Ele atende a pais e filhos. É a pesca do tucunaré nos lagos Juma, Maçarico e Tracajá, perto de Manaus. Ali se mergulha na mata intocada. Sua beleza fascina. E o tucunaré vale o esforço para tirá-lo do lago. É um peixe de escamas, muito bonito, brigão, com até 15 kg. Nem bem sai da água, deve ser devolvido para que não morra. Assim não desaparecerá. O tucunaré apaixona. Dizem que Bill Gates vem todos os anos pescá-lo. No meio da floresta, à beira dos lagos, existem hotéis ecológicos com pensão completa. Os quartos se ligam por meio de pontes entre as árvores. Macacos, araras, papagaios e bichos-preguiça circulam entre os hóspedes em pacífico convívio. De manhã e ao anoitecer, ouve-se a algazarra dos animais. A gente se sente como no primeiro dia do mundo.

A Amazônia é a maior reserva florestal da Terra. Ocupa mais da metade do Brasil. Vem sendo devastada. Ao conhecê-la, entendemos por que preservar as árvores centenárias com dezenas de metros de altura faz toda a diferença para o presente e o futuro. Manaus é a porta de entrada para esse mundo sedutor. Um mundo que ainda tem muito a revelar.

 

Luís Giffoni é cronista, romancista e palestrante. Autor de 26 livros, tem nas viagens uma de suas paixões. Nelas aprende a diversidade do mundo e das pessoas, experiência que acaba traduzindo em suas obras. Neste espaço, dá dicas sobre como aproveitar o mundo com os pequenos. giffoni@canguruonline.com.br

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