Caso do filho do humorista Whindersson chama atenção para riscos do parto prematuro

O bebê nasceu com 22 semanas e não resistiu, vindo a falecer dois dias depois; médicos explicam o que é essa condição e alertam sobre importância dos cuidados no pré-natal

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Caso do filho de Whindersson é um alerta para riscos do parto prematuro; foto mostra recém-nascido deitado dentro de incubadora
A prematuridade extrema é quando a criança nasce com menos de 28 semanas e abaixo de um quilo
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A triste história da morte de João Miguel, filho do humorista e youtuber Whindersson Nunes e da estudante de engenharia Maria Lina Deggano faz um alerta para a importância do pré-natal e dos cuidados que as gestantes devem ter para evitar o parto prematuro – aquele que ocorre antes da 37a semana de gestação. O bebê nasceu no sábado, 29 de maio, com 22 semanas de gestação, e morreu dois dias depois, na segunda-feira, 31 de maio.

No Brasil, a taxa de partos prematuros é de 11,5%, de acordo com dados da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e da Organização Mundial de Saúde (OMS). A prematuridade extrema – quando a criança nasce com menos de 28 semanas e abaixo de um quilo – é a causa individual mais frequente de morte de recém-nascidos. Porém, tem crescido ao longo dos anos as chances de sobrevivência de bebês prematuros. “Ao longo dos últimos 40 anos, bebês nascidos com 24, 23 e até 22 semanas têm conseguido sobreviver, mesmo pesando menos de meio quilo”, afirma o ginecologista Domingos Ciongoli Neto, da BenCorp, consultoria que oferece gestão de benefícios corporativos e saúde ocupacional.

Para evitar o parto prematuro, médicos ressaltam a importância dos cuidados no pré-natal, visto que a prematuridade nem sempre dá sinais do que pode acontecer e nem todas as causas que levam ao nascimento antes do tempo são conhecidas – em muitos casos não se consegue associá-la a um fator específico.

O pré-natal é o acompanhamento médico que a gestante faz durante a gravidez. “O médico examina e avalia a paciente, solicitando também exames como o de urina e ultrassom para analisar possíveis doenças e riscos do parto prematuro”, explica a ginecologista e obstetra Ana Paula Mondragon. Ela diz que esse acompanhamento varia conforme tempo de gestação. “Inicialmente, tende a ser uma vez por mês e com o passar do tempo, passa a ser quinzenal e semanal, mas varia a depender do quadro clínico da paciente”, afirma a médica.

Mesmo grávidas sem histórico de parto prematuro nem fatores de risco associados devem tomar os cuidados necessários para evitar complicações na hora do parto. A seguir, os ginecologistas falam sobre o parto prematuro, principais fatores de risco e os cuidados a tomar para evitar esse complicação na gestação. Confira.

Maria Lina Deggano e Whidersson
Maria Lina Deggano e Whindersson; filho do casal morreu dois dias depois de nascer prematuramente | Foto: Reprodução @marialinaldg

O que é o parto prematuro?

Uma gestação completa é composta de 40 semanas. O parto é prematuro quando o trabalho de parto se inicia antes da 37a semana de gestação. De acordo com a OMS, mais de 80% dos partos prematuros ocorrem entre 32 e 36 semanas de gestação e a maioria dos bebês pode sobreviver com cuidados essenciais, sem intervenções de terapia intensiva. O Brasil é o 10º país no ranking da prematuridade, perdendo apenas para países como Índia, China, Nigéria e Paquistão, segundo relatório do estudo Born Too Soon realizado pela ONG americana March of Dimes. O nascimento antes de 37 semanas de gestação é uma das principais causas de mortalidade infantil em todo o mundo.

Quais são as causas do parto prematuro?

O parto prematuro tem múltiplas causas. “Ele pode estar relacionado a infecções – como a de urina ou nas membranas amnióticas (bolsa de “água” onde se encontra o bebê durante a gestação) –, a doenças maternas como a ruptura das membranas amnióticas (bolsa de “água”onde se encontra o bebê durante a gravidez) e a problemas no colo útero, como insuficiência istmo cervical (abertura indolor do colo do útero)”, explica Ana Paula Mondragon. Domingos Ciongoli Neto acrescenta que além das infecções, de problemas relacionados ao útero ou do colo uterino e distúrbios de coagulação, condições crônicas de saúde na mãe, como pressão arterial elevada e diabetes, tabagismo, uso de álcool o de drogas ilegais durante a gravidez também são fatores que podem provocar o parto prematuro. A ONG Prematuridade destaca ainda causas como: ausência do pré-natal, estresse, sangramento vaginal, obesidade, baixo peso, pressão alta ou pré-eclâmpsia, algumas anomalias congênitas do bebê, gestações muito próximas (menos de 6 a 9 meses entre o nascimento de um bebê e ficar grávida novamente), gravidez fruto de fertilização in vitro e idade menor de 17 anos e acima de 35.

Além disso, outros fatores podem levar ao parto prematuro: ausência do pré-natal, fumo, álcool, drogas, estresse, infecções do trato urinário, sangramento vaginal, diabetes, obesidade, baixo peso, pressão alta ou pré-eclâmpsia, distúrbios de coagulação, algumas anomalias congênitas do bebê, gestações muito próximas (menos de 6 a 9 meses entre o nascimento de um bebê e ficar grávida novamente), gravidez fruto de fertilização in vitro e idade menor de 17 anos e acima de 35.

Quais cuidados tomar durante a gravidez para evitar o parto prematuro?

O ginecologista orienta que durante a gravidez de alto risco é importante seguir as recomendações do obstetra, como repouso e alimentação equilibrada, para que a gestação decorra sem complicações para mãe ou para o bebê. “É importante também que a mulher saiba identificar os sinais de trabalho de parto prematuro, como a presença de corrimento gelatinoso, que pode ou não conter vestígios de sangue, pois o risco de entrar em trabalho de parto antes do tempo é maior nestes casos”, recomenda Domingos. Ana Paula destaca a importância de seguir os exames rotineiros de pré-natal e de realizar os dois exames morfológicos, no 1o trimestre e no 2o trimestre da gravidez, que ajudam a identificar possíveis malformações do feto, associados ao exame transvaginal, para avaliação do colo do útero. Também é fundamental que a gestante mantenha o calendário de vacinação atualizado, conforme orientação do obstetra, visto que algumas vacinas estão contra-indicadas na gravidez e outras necessitam reforço. O médico também deve recomendar antes da concepção do bebê o consumo regular de ácido fólico e da vitamina B12, que ajudam a evitar malformações e danos no sistema nervoso ao feto. A prática regular de atividade física, desde que liberado pelo médico, é outro aspecto importante que as grávidas devem seguir.

Abaixo, algumas das principais recomendações dos médicos para o pré-natal:

  • Visitar o obstetra regularmente.
  • Manter uma alimentação saudável.
  • Não consumir bebidas alcoólicas.
  • Repousar.
  • Controlar o peso.
  • Não fumar.

Quais são os sinais e sintomas do trabalho de parto prematuro?

Sintomas como contrações a cada 10 minutos ou mais, mudanças na secreção vaginal, pressão pélvica, dor lombar, cólica abdominal com ou sem diarréia podem ser sinais de trabalho de parto. Caso a gestante identifique qualquer desse sintomas, deve ligar para o seu médico imediatamente ou irdireto ao hospital mais próximo.

O parto prematuro é uma das principais causas de morte de recém-nascidos? Por quê?

A prematuridade extrema é a causa individual mais frequente de morte de recém-nascidos. O ginecologista Domingos Ciongoli Neto esclarece que as principais causas da elevada mortalidade peri e neonatal concentram-se na prematuridade, no baixo peso ao nascimento e nas infecções neonatais. “Nos dois primeiros casos, os fatores demográficos, comportamentais e biomédicos têm sua importância; no entanto, são os socioeconômicos os mais contributivos e os que mais fogem do âmbito médico. Convivemos, em nosso meio, com uma situação peculiar, qual seja, a existência de ilhas de excelência no atendimento materno-infantil num continente pleno de bom conhecimento médico e de paupérrimos recursos, de toda a natureza, principalmente humano, paramédico (enfermeiras, auxiliares, etc.)”, afirma o médico.

Quais as chances de um bebê prematuro sobreviver?

Domingos aponta que ao longo dos últimos 40 anos, bebês nascidos com 24, 23 e até 22 semanas têm conseguido sobreviver, mesmo pesando menos de meio quilo. O ginecologista relata que a taxa de sobrevivência melhorou até mesmo para os que nascem com menos de 22 semanas, passando de 3,6% para 20% na última década. “Já para os nascidos com 26 semanas, 8 em cada 10 sobrevivem. As conclusões são de um estudo realizado pelo Hospital Infantil da Universidade de Iowa, nos Estados Unidos”, informa o médico.


Leia também: Vídeo: Intervenções médicas durante o parto – saiba quais são e o que podem causar


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