No mês de agosto, comemoramos o dia dos pais. A participação dos homens em grupos de WhatsApp que falam de filhos, nas reuniões de escola, nas pracinhas, nos consultórios médicos e hospitais e nos cuidados com as crianças ainda é minoritária.
O papel do pai não deveria ser o de ajudar a mãe ou ser rede de apoio, mas sim dividir com ela toda a responsabilidade que envolve a educação dos filhos.
Segundo dados divulgados pelo Instituto Baresi, em 2012, no Brasil, cerca de 78% dos pais abandonaram as mães de crianças com deficiências e doenças raras, antes dos filhos completarem 5 anos de vida. O motivo desse abandono, na maioria dos casos, é porque esses homens não conseguem suportar o luto da perda do “filho ideal” .
Mas, ao mesmo tempo, os que assumem a parentalidade ativa dos filhos com deficiência estão cada vez mais se posicionando nas redes sociais, blogs, podcast, livros e palestras. Aos poucos eles estão chegando para essa conversa sobre a parentalidade. Tenho atendido alguns casais que vêm juntos para as sessões de orientação parental. E é sempre muito bom quando isso acontece.
Essa semana participei de uma roda com pais de crianças com deficiência que partilharam suas histórias, como receberam o diagnóstico e como lidam com o tratamento e as limitações dos filhos. Teve um pai engenheiro que nos contou que constrói brinquedos adaptados para o filho que tem paralisia cerebral. Outro disse que comprou livros de educação inclusiva e já está lendo para se antecipar ao momento que seu filho terá que entrar na escola.
É sempre muito bom ouvi-los. Os homens costumam ser mais racionais e práticos e tendem a lidar com as mesmas situações de uma maneira diferente das mulheres.
No episódio 16, da terceira temporada da série This Is Us que está disponível no Amazon Prime, Toby e Kate têm um filho prematuro que nasce com 28 semanas e precisa ficar na UTI neonatal. Enquanto a mãe fica o tempo todo ao lado da incubadora, fazendo carinho, cantando, acompanhando o trabalho das enfermeiras, o pai se mostra muito angustiado e não consegue lidar com o fato do filho estar tão pequeno, cheio de sondas e cateteres, sendo toda hora manipulado pelas profissionais.
Em uma das cenas, onde a enfermeira está tirando sangue do bebê, ele enruga a testa, balança a cabeça num movimento de negação, fala que não está aguentando, pede desculpas e sai. Vai para a sala de espera e se abre com um outro pai, que também está com o filho no hospital há seis semanas. Os dois chegam à conclusão que “as mães são melhores nisso”
No final do episódio, Toby acaba reconhecendo que tem sido um pai ruim, pede desculpas a Kate e toma coragem de pegar seu filho “frágil” e cheio de fios no colo.
Nesse momento, quantos homens estão perdidos, sofrendo, sem ter coragem de falar o que estão sentindo e buscar ajuda? Quantas mulheres se veem sozinhas nessa jornada e gostariam de contar com apoio financeiro, emocional e físico dos pais?
Podemos ser treinadores emocionais dos nossos filhos. Ao ensinar para eles habilidades socioemocionais, estamos contribuindo para que no futuro se tornem adultos seguros, confiantes, resilientes, que não fujam diante de situações desafiadoras, e sejam capazes de enfrentá-las com coragem e aprender com elas.
Se você deseja criar filhos melhores para o mundo, ensine-os a falar das emoções, acolher suas próprias necessidades e respeitar as necessidades dos outros. Como pais, temos um papel fundamental nesse processo.
*Este texto é de responsabilidade do colunista e não reflete, necessariamente, a opinião da Canguru News.
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