Padecendo no Paraíso: ‘Beijo polêmico’

Leia a coluna do Padecendo no Paraíso na #CanguruBH.

Por Bebel Soares

Reprodução

O beijo entre pessoas do mesmo sexo ainda deixa muita gente chocada.

“O mundo está do avesso!”, “Essa geração está perdida!”.

Minha mãe achava que a minha geração estava perdida. Minha avó achava que a geração da minha mãe estava perdida, minha bisavó devia achar que a geração da minha avó estava perdida.

As pessoas estão assumindo o que sentem. Se fosse um casal hétero se beijando, alguém ia ficar chocado?

Quando eu era adolescente, minha mãe achava um absurdo o tal do ficar. Beijar na boca por beijar, sem nem conhecer, sem estar namorando — e o que a gente fazia? Beijava muito! As pessoas podiam não beijar pessoas do mesmo sexo, pelo menos não em público, mas escondido, quem sabe?

Eu entendo que, quando a gente tem um filho, fica planejando a vida deles: “Vai estudar, vai se casar e vai ter filhos”.

Só que a gente esquece que eles são pessoas, que eles têm escolhas e têm desejos e sentimentos. Que eles não são programáveis. A adolescência é assim, eles querem transgredir, querem experimentar o que ainda não foi experimentado. Essas experiências não têm nada de anormal, pode ser difícil de aceitar, pode chocar, pode te pegar de surpresa, mas é a realidade. E pode acontecer nas melhores famílias também!

Lembrem-se de que mãe paga língua todo dia e que, um dia, quem poderá experimentar serão os nossos. Nossa preocupação deve ser para que não façam escolhas para satisfazer os outros, por modismos. Que as escolhas sejam conscientes. Lembre-se de todas as mudanças comportamentais do último século e pense que muitas outras ainda virão, mesmo que a gente queira deixar tudo como está.

Vamos nos preocupar com a promiscuidade, com o avanço da aids e da sífilis. Vamos orientar, mas nunca reprimir, porque reprimir cria uma barreira entre pais e filhos e prejudica o diálogo em família. E a falta de diálogo, essa sim, pode virar tudo do avesso!

 

Padecendo-no-paraiso-horizontal.png (378 KB)Bebel Soares é fundadora da plataforma de apoio a mães Padecendo no Paraíso. Na Canguru ela fala sobre educação, saúde, alimentação, sexo, inclusão e viagens.

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