Adolescentes e jovens tendem a ser mais otimistas que adultos, acreditam mais na ciência do que em governos, querem ser ouvidos sobre a gestão de políticas em seus próprios países, além de estarem bastante conscientes sobre os riscos das mudanças climáticas. No entanto, um percentual significativo deles, em diferentes países, se sentem frequentemente nervosos e/ou deprimidos.
Pesquisa feita pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e Gallup ouviu visões de jovens e adolescentes (15 a 24 anos) de 21 países sobre o mundo de hoje e as perspectivas de futuro. Os resultados da amostragem foram publicados hoje. No Brasil, a sondagem foi feita entre 23 de fevereiro a 17 de abril. A margem de erro é de 6,4%.
O recorte brasileiro revela alguns aspectos sombrios da juventude brasileira. Entre todos os países analisados, os adolescentes e jovens brasileiros estão entre os mais pessimistas, perdendo apenas para os entrevistados do Mali (África ocidental). Apenas 31% dos adolescentes e jovens brasileiros consideram que o mundo está se tornando um lugar melhor, enquanto na média global dos países, 57% desses jovens apostam nisso.
Para a diretora executiva do Unicef, Henrietta Fore, não faltam hoje razões para o pessimismo global – a pandemia, as mudanças climáticas, a pobreza e a desigualdade seriam alguns desses fatores –, mas ainda assim “adolescentes e jovens se recusam a ver o mundo através das lentes sombrias dos adultos”. “Eles se preocupam com o futuro, mas se veem como parte da solução.”
Juventude ansiosa e deprimida
A pesquisa mostrou, ainda, um lado mais preocupante, da saúde mental dos jovens. No Brasil, 48% dos adolescentes e jovens (41% dos meninos e 54% das meninas) “se sentem frequentemente nervosos, preocupados ou ansiosos”, e 22% (15% dos meninos, 28% das meninas) se sentem “muitas vezes deprimidos ou com pouca vontade de realizar atividades cotidianas”. No indicador global de países, 36% se sentem ansiosos e nervosos e 19% deprimidos.
A consciência política dos jovens chama a atenção. Considerando a média dos países, 58% dos adolescentes e jovens disseram ser muito importante políticos os escutarem para tomar decisões. No Brasil, o percentual é ainda maior: 61% dos adolescentes e jovens exigem esse olhar dos políticos.
“Esses resultados devem servir como um apelo para que os tomadores de decisões criem mais oportunidades para que os adolescentes e jovens contribuam para o desenvolvimento pós-pandemia. Com a sua criatividade e capacidade de gerar abordagens inovadoras a grandes desafios nacionais e globais, podem fazer uma diferença muito importante”, afirmou a representante do UNICEF no Brasil, Florence Bauer.
Mudanças climáticas e tecnologia
A maioria dos entrevistados considera que os governantes atuais devem tomar medidas urgentes e significativas para deter os efeitos das mudanças climáticas. No Brasil, 73% dos adolescentes e jovens querem respostas dos governos ao problema.
Em relação ao uso das redes, 91% dos adolescentes e jovens brasileiros disseram que acessam a internet todos os dias, um percentual equivalente ao de nações ricas (92%). Para 82% desses jovens do Brasil, é alto o risco de crianças ficarem expostas na rede e conhecerem pessoas estranhas e se encontrarem pessoalmente com ela.
Na média global, a maioria dos adolescentes e jovens de todos os países analisados vê sérios riscos para do acesso de crianças às redes: 78% apontaram o risco de que as crianças assistam a conteúdos violentos ou sexualmente explícito e 79% apontaram que elas podem sofrer bullying.
A pesquisa The Changing Childhood Project (Projeto Mudança da Infância) pode ser acessada na íntegra no link: em https://changingchildhood.unicef.org/. Foram ouvidos 21 mil adolescentes e jovens nos seguintes países: Alemanha, Argentina, Bangladesh, Brasil, Camarões, Espanha, Etiópia, EUA, França, Índia, Indonésia, Japão, Líbano, Mali, Marrocos, Nigéria, Peru, Quênia, Reino Unido, Ucrânia e Zimbábue.
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A questão da chamada “Reforma” da Previdência, no Brasil, que ao contrário dos países europeus que é bem envelhecida a população, por aqui, é grande a população com menos de 30 anos e que está tendo que “competir” com as remanescentes vagas “operacionais” como caixas de supermercado com a população maior de 50 anos, que mesmo com a regra de transição tem que trabalhar, atualmente por volta de 60/61 anos! Tenho 2 sobrinhos: de 27 e 35 anos, ainda na faixa de Salário Mínimo, sem terem condições de uma vida financeira Independente! Pais deles aposentados e maiores de 60 anos, isso é, cientes da limitação dos filhos na concorrência pelas vagas mais técnicas, num mundo cada vez mais tecnológico e de auto-atendimento. Aliás esse é outro ponto em desfavor dos mais jovens, de hoje: os ensinos fundamentais e médio, dos cinquentões tinham bem mais qualidade, mesmo quando chegou a chamada “progressão automática”, ela foi combatida por professores defensores do conteúdo absorvido ser inerente a série que esteja cursando!