Mortes de crianças por acidentes crescem 10% em São Paulo  

Sufocação é a principal causa de morte, atingindo principalmente menores de 1 ano de idade, aponta levantamento da Aldeias Infantis SOS

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Criança come assistindo a desenho no celular
Uso de telas nas refeições pode favorecer o engasgo , ressalta especialista
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O número de mortes por acidentes entre crianças e adolescentes cresceu cerca de10% no estado de São Paulo, entre 2021 e 2022, passando de 445 para 488, sendo os menores de um ano os mais afetados (40%). Quase metade das mortes (47%) ocorreu por sufocação ou engasgo, representando um salto de 31% em relação a 2021. Afogamento, acidentes de trânsito, intoxicação, queda e queimaduras são as outras causas de óbitos não intencionais que atingiram crianças nesse período. As informações fazem parte de um levantamento inédito realizado pela Aldeias Infantis SOS, organização que atua no cuidado e proteção de crianças e adolescentes e suas famílias, e têm como base os dados mais recentes disponibilizados pelo Datasus. 

Óbitos 2022 São Paulo 

SUFOCAÇÃO 230 47% 
AFOGAMENTO 100 20% 
SINISTRO DE TRÂNSITO 92 19% 
OUTROS  19 4% 
INTOXICAÇÃO 18 4% 
QUEDA 16 3% 
QUEIMADURAS 12 2% 
ARMAS 0% 
Fonte: Datasus/Aldeias Infantis SOS; categoria “outros” indica motivos diversos não especificados pelo sistema do governo.  

Mortes por acidentes no Brasil  

No Brasil, o levantamento mostra uma queda de 1% nas mortes por acidentes entre 2022 e 2021, passando de 3.275 para 3.237, em 2022. Assim como em São Paulo, a sufocação foi a causa mais comum de óbito, sendo responsável por 30% (986) dos casos, dos quais, 77% (765) envolveram menores de um ano. 

Os dados revelam que nove crianças morrem todos os dias no país por acidentes que poderiam, em 90% dos casos, ser evitados, segundo a organização.  

Internações por acidentes também crescem; quedas são a maior causa 

As internações por acidentes com crianças e adolescentes também tiveram aumento de 11% no estado paulista, em 2023, em comparação com 2022. No total, foram registradas no ano passado 17.965 internações causadas por lesões não intencionais, entre as faixas etárias de 0 a 14 anos, contra 16.202 registros no ano anterior, segundo o relatório.  

Já no Brasil, o crescimento foi de 8%, em 2023, na comparação com 2022: foram registradas 119.245 internações causadas por lesões não intencionais, entre as faixas etárias de 0 a 14 anos, contra 109.988 registros em 2022. 

“O quadro desenhado pelo levantamento é desalentador. Chama a atenção o total de acidentes provocados por motivo de queda: foram 10.244 ocorrências no estado de São Paulo ou 57% de todos os casos registrados. O dado repete padrão observado no levantamento de 2022, quando as quedas também lideravam as hospitalizações de jovens no estado paulista”, explica Erika Tonelli, especialista em Entornos Seguros e Protetores da Aldeias Infantis SOS. Acidentes de trânsito (12%) e queimadura (9%) são as outras principais causas de internações, de acordo com o relatório. 
   

Acidentes por faixa etária 

A faixa etária de 10 a 14 anos foi a que mais sofreu hospitalizações por causa de acidentes, em 2023. Já o grupo de 5 a 9 anos teve a maior variação no registro de acidentes – foram 6.187 novos casos de internações, ou um aumento de 13% em relação ao ano de 2022. 

“O período que compreende os 5 aos 14 anos é de maior autonomia e circulação pelos espaços comunitários e, na população que apresenta maior vulnerabilidade social, meninos e meninas dessa faixa etária são, muitas vezes, responsáveis pelo cuidado de irmãos e irmãs menores, fato este que os deixa mais propensos a acidentes. Deve-se atentar à necessidade de campanhas de conscientização da população sobre medidas de prevenção de acidentes também nessas faixas etárias”, destaca a especialista. 

Ainda houve um aumento nos acidentes com crianças de 1 a 4 anos, um total de 4.584 casos (+10%), e com menores de um ano, que somaram 1.158 casos (+8%). 

“Nos casos de sufocação ou engasgo, a hipótese é que, durante a fase de aleitamento e da introdução alimentar, o uso de telas nas horas das refeições ou realização da alimentação em movimento não permita a correta mastigação. É importante destacar a necessidade de conhecimentos de primeiros socorros pelos cuidadores, educadores e familiares, além das medidas de prevenção de acidentes”, finaliza Erika. 

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Verônica Fraidenraich
Editora da Canguru News, cobre educação há mais de dez anos e tem interesse especial pelas áreas de educação infantil e desenvolvimento na primeira infância. Tem um filho, Martim, sua paixão e fonte diária de inspiração e aprendizados.

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