Highlights
- Estudo analisou associação entre a ingestão de açúcar na dieta infantil e presença de cárie na primeira infância em um grupo de pré-escolares atendidos em uma clínica odontológica da UFSM
- A prevalência de cárie na primeira infância foi de 86% de acordo com os prontuários analisados
- Retardar a inserção de açúcar na alimentação infantil reduz riscos de aparecimento de cáries na primeira infância
Por Agência Bori – A alta frequência de ingestão de açúcar é fator de risco para o aparecimento de cáries na primeira infância. É o que mostra estudo publicado na sexta (19) na “Revista Gaúcha de Odontologia. Neste trabalho, 80% dos bebês atendidos em uma clínica odontológica em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, ingeriam alimentos açucarados como parte da rotina alimentar. Apenas 36 de 86 prontuários continham informações sobre cárie na primeira infância, porém a doença bucal foi encontrada em 86,2% da amostra.
Para evidenciar a associação entre a ingestão de açúcar na dieta infantil e presença de cárie na primeira infância em um grupo de pré-escolares os pesquisadores da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) analisaram retrospectivamente os prontuários de pacientes de 0 a 6 anos, com média de idade de 29 meses, atendidos entre 2010 e 2016 na Faculdade de Odontologia da UFSM.
Os autores identificaram que a ingestão de açúcar já acontecia em média aos nove meses de idade do bebê e que quase todas as crianças usavam mamadeira adicionada a algum tipo de açúcar. “O que mais chamou a nossa atenção foi o fato de os bebês terem contato com o açúcar desde os primeiros meses de vida porque os próprios pais adoçavam a mamadeira ou davam lanches com guloseimas para os filhos”, destaca a coautora Fernanda Ruffo Ortiz.
A Organização Mundial da Saúde preconiza que até os dois anos de idade a criança não ingira açucares. Neste período, explica a odontopediatra, ainda não nasceram todos os dentes de algumas crianças. Apesar disso, muitas já foram diagnosticadas com cáries, o que é muito prejudicial. “O açúcar ingerido vira rapidamente ácido para as bactérias, o que torna fator de risco para o surgimento da cárie dentária”, alerta.
Outro dado preocupante é que muitos pais acabam levando seus filhos a um dentista não de maneira preventiva, mas quando a criança se queixa de dores ou quando o dente já está escurecido. As crianças com cáries na primeira infância são três vezes mais propensas a serem adultos com essa doença de forma permanente, o que afeta a qualidade de vida do indivíduo.
A cárie é uma doença que afeta todas as faixas etárias, mas em crianças é a doença bucal mais prevalente. É na infância que a pessoa começa a conhecer os sabores e cores dos alimentos, daí a importância da orientação familiar e responsabilidade dos pais nessa fase da vida. “Essa é uma doença comportamental e pode ser prevenida. Precisamos deixar claro aos pais sobre a importância de uma alimentação saudável, de uma correta escovação com dentifrício fluoretado e da consulta regular ao dentista”, ressalta Ortiz.
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