Há uma nova geração de pais que sabe pedir ajuda

O movimento de pais responsáveis e acolhedores interessados em grupos de apoio e orientação parental está crescendo, diz Mauricio Maruo

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Muitos homens só pedem ajuda depois que sofreram bastante
Buscador de educadores parentais
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Você já viu algum pai pedir ajuda para outro pai sobre as complexas questões que a paternidade traz?  

Se essa pergunta deu um “bug” é porque provavelmente a imagem do pai responsável, acolhedor, sensível e que abraçou realmente a paternidade, ainda é muito rara na nossa sociedade. Mas eles existem, ainda que em número bem pequeno, perto do abismo de pais que vivem e se acomodam dentro da cultura patriarcal. 

O movimento de pais responsáveis, acolhedores e sensíveis está crescendo, felizmente, mas há um enorme problema neste movimento, um problema que as mães já resolveram há muito tempo, e se chama “rede de apoio”. 

A nova geração de pais não consegue criar redes de apoio e se sente extremamente só – a solidão paterna é uma grande amiga desse novo pai.  

Os movimentos de grupos paternos ainda são bem pequenos, tanto que se você procurar no Google grupos de acolhimento paterno, provavelmente os encontrará a partir da terceira página. 

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Se é difícil encontrar grupos, profissionais formados em educação parental que atendem exclusivamente os homens/pais são ainda mais raros – mas posso dizer com propriedade que eles existem. 

Recentemente, voltei a atender como orientador e terapeuta parental com foco na paternidade e, para minha surpresa, estou encontrando muitos homens que sabem pedir ajuda, querem ajuda e se vulnerabilizam para isso, não é lindo? 

Estou muito feliz de poder ajudar os homens, não somente com dicas de criação com os filhos, mas também no acolhimento. 

Questões como, a angústia de voltar ao trabalho, dúvidas dolorosas sobre as dificuldades do relacionamento conjugal depois da chegada dos filhos, o peso das questões financeiras, o medo de ser igual aos seus antepassados, o luto dos supostos amigos e a solidão que vem com essa decepção são muito peculiares dos homens e que agora, aos poucos, podem ser reveladas, tratadas e acolhidas. 

Se você conhece algum pai que precisa de ajuda, compartilhe esse texto, para que ele possa saber que existe um caminho para toda essa transformação. 

Mas lembre que a decisão de ser ajudado é dele. Me lembro de um pai que atendi, que logo que chegou me disse: 

  • — Minha esposa disse para eu conversar com você, mas para ser sincero, nem sei por que estou aqui. 

Esse foi um atendimento bem denso, até o momento que ele entendeu por que estava lá, isso demorou três sessões. 

Muitos homens só pedem ajuda depois que sofreram bastante tentando resolver os problemas sozinhos e isso também aparece nos atendimentos, ou seja, a maioria dos homens ainda carrega o modelo de masculinidade onde o homem deve ser o protetor da família, deve trazer o sustento, deve ensinar o filho a jogar bola e deve ser o homem que a sociedade moldou.  

Meus atendimentos são com foco na parentalidade, mas quando o pai precisa, podemos e devemos falar sobre os padrões da masculinidade, afinal a paternidade só será tranquila, quando o homem se sentir tranquilo consigo mesmo.  

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Mauricio Maruo
É pai da Jasmim e do Kaleo, e companheiro da Thais. Formado como artista plástico, atua como educador parental desde 2016. É fundador do "Paternidade Criativa", uma empresa de impacto social que cria ferramentas de transformação masculina através do gatilho da paternidade. Criador do primeiro jogo de Comunicação Não Violenta direcionado para pais e crianças do Brasil.

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