‘Eu não ajudo em casa, sou parte da casa’, diz mensagem que viraliza no Facebook

    1878
    Buscador de educadores parentais
    Buscador de educadores parentais
    Buscador de educadores parentais
    post-face-eunaoajudo.jpg (215 KB)
    Reprodução do Facebook

    Da redação

    Seu companheiro ‘ajuda’ nas tarefas de casa ou ‘divide’ as tarefas com você? Embora para algumas pessoas a palavra usada não faça diferença, ‘ajudar’ traz uma concepção machista da divisão das atividades domésticas. Se o homem ajuda, isso quer dizer que a mulher é a principal responsável por essas tarefas, mas não deveria ser assim.

    Não à toa, o post ‘Yo no ayudo en casa, soy parte de la casa’ (eu não ajudo em casa, sou parte da casa) viralizou no Facebook. Compartilhado 48 mil vezes na página de língua espanhola Mujeres Todo Terreno, o texto teve mais de três mil comentários e 15 mil curtidas no último mês.

    O post original, ao que tudo indica, é brasileiro, de 2017, publicado na página ‘Oi, eu sinto’, e já teve mais de 534 mil compartilhamentos e quase 100 mil comentários.

    De autor desconhecido, o texto traz um relato de um homem que diz a um amigo não ajudar a parceira nas tarefas domésticas e, sim, dividir com ela as demandas. “Na verdade, a minha mulher não necessita de ajuda, ela tem necessidade de um companheiro. Eu sou um sócio em casa e por via dessa sociedade as tarefas são divididas.” O homem ressalta que vive na casa e, logo, deve limpá-la. Ele também diz que precisa comer e por isso tem de cozinhar. E segue:

    Eu não ajudo a minha mulher a lavar os pratos depois da refeição porque eu também uso esses pratos. Eu não ajudo a minha mulher com os filhos porque eles também são meus filhos e é minha função ser pai. (…) Eu não sou uma ajuda em casa, eu sou parte da casa. 

    As mulheres dedicaram, em média, 21,3 horas por semana com afazeres domésticos e cuidado de pessoas em 2018, quase o dobro do que os homens gastaram com as mesmas tarefas – 10,9 horas, segundo o suplemento Outras Formas de Trabalho, da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, do IBGE.

    De acordo com o estudo, houve um crescimento da participação masculina no trabalho doméstico, porém as mulheres seguem dedicando mais horas. Cozinhar foi a tarefa com a maior diferença entre os sexos, com incidência de 95,5% entre as mulheres e 60,8% entre os homens. Os homens se sobressaíram na atividade “fazer pequenos reparos no domicílio” – 59,2% entre eles e 30,6% entre elas.

    Como conseguir maior participação masculina em casa

    Conversar com o parceiro é a melhor forma para chegar a um acordo quanto às demandas da casa. De forma sincera e respeitosa a mulher deve expor o cansaço e sugerir mudanças. “A base é o diálogo. É essencial conversar e, se for preciso, reconfigurar as tarefas. O objetivo é a pessoa sobrecarregada perder algumas funções. E que isso ocorra não como um favor àquela pessoa, mas um favor à casa, diz Adriana Salezze, psicóloga, sexóloga e terapeuta familiar em reportagem para a Gazeta Online. Ela também ressalta que cada um precisa saber qual é o seu papel em casa e se questionar se está fazendo o suficiente ou poderia fazer mais.

    Para o psicólogo espanhol Alberto Soler, a divisão das funções não necessariamente deve ser meio a meio, elas podem ser distribuídas de acordo com a disponibilidade dos parceiros e do tipo de atividade exigida. No caso de haver filhos, é preciso ‘um verdadeiro trabalho em equipe’, declara o psicólogo. “As inumeráveis tarefas relacionadas aos filhos não são patrimônio de ninguém e são total e absolutamente intercambiáveis ente o pai e a mãe em função das circunstâncias, preferências e habilidades de cada um”, diz Alberto no site Centro de Psicologia Alberto Soler.

    E na sua casa, como funciona a divisão de tarefas? Conte aqui pra gente!

    Íntegra do post ‘Eu não ajudo a minha esposa’.

    Eu não ajudo a minha esposa.
    “Um amigo veio a minha casa tomar café, sentamos e conversamos, falando sobre a vida. A um certo ponto da conversa, eu disse: “Vou lavar os pratos e volto num instante”.
    Ele olhou para mim como se eu lhe tivesse dito que ia construir um foguete espacial. Então ele me disse, com admiração mas um pouco perplexo: “Ainda bem que você ajuda a sua mulher, eu não ajudo porque quando eu faço a minha mulher não elogia. Ainda na semana passada lavei o chão e nem um obrigada.”
    Voltei a sentar-me com ele e lhe expliquei que eu não “ajudo” a minha mulher. Na verdade, a minha mulher não necessita de ajuda, ela tem necessidade de um companheiro. Eu sou um sócio em casa e por via dessa sociedade as tarefas são divididas, mas não se trata certamente de uma “ajuda” comas tarefas de casa.
    Eu não ajudo a minha mulher a limpar a casa porque eu também vivo aqui e é necessário que eu também a limpe.
    Eu não ajudo a minha mulher a cozinhar porque eu também quero comer e é necessário que eu também cozinhe.
    Eu não ajudo a minha mulher a lavar os pratos depois da refeição porque eu também uso esses pratos.
    Eu não ajudo a minha mulher com os filhos porque eles também são meus filhos e é minha função ser pai.
    Eu não ajudo a minha mulher a lavar, estender ou dobrar as roupas, porque a roupa também é minha e dos meus filhos.
    Eu não sou uma ajuda em casa, eu sou parte da casa. E no que diz respeito a elogiar, perguntei ao meu amigo quando é que foi a última vez que, depois da sua mulher acabar de limpar a casa, tratar da roupa, mudar os lençóis da cama, dar banho em seus filhos, cozinhar, organizar, etc., ele lhe tinha dito obrigado?
    Mas um obrigado do tipo: Uau, querida!!! Você é fantástica!!!
    Isso te parece absurdo? Está te parecendo estranho? Quando você, uma vez na vida, limpou o chão, você esperava no mínimo um prêmio de excelência com muita glória… Porquê? Nunca pensou nisso, amigo?
    Talvez porque para você, a cultura machista tenha mostrado que tudo seja tarefa dela.
    Talvez você se tenha sido ensinado que tudo isto deva ser feito sem que você tenha de mexer um dedo? Então elogia-a como você queria ser elogiado, da mesma forma, com a mesma intensidade. Dá uma mão, SE COMPORTE COMO UM VERDADEIRO COMPANHEIRO, NÃO COMO UM HÓSPEDE que só vem comer, dormir, tomar banho e satisfazer as necessidades sexuais… Sinta-se em casa. Na sua casa.
    A mudança real da nossa sociedade começa em nossas casas, vamos ensinar aos nossos filhos e filhas o real sentido do companheirismo!”

    Autor desconhecido.

    Veja o post na página brasileira Oi, eu sinto.
    Veja o post em espanhol no grupo Mujeres Todo Terreno.
    Saiba mais sobre a pesquisa do IBGE aqui.

    Gostou do nosso conteúdo? Receba o melhor da Canguru News, sempre no último sábado do mês, no seu e-mail.

    DEIXE UM COMENTÁRIO

    Por favor, deixe seu comentário
    Seu nome aqui