Por Luciana Ackermann – Nascido e criado no Morro de São Carlos, no Estácio, na zona Norte do Rio de Janeiro, o filho da costureira Eurídice e do funcionário público e músico Oswaldo Melodia adorava soltar pipas, brincar de bolinhas de gude e de garrafão. Foi com o pai que Luiz aprendeu os primeiros acordes, as referências musicais e herdou o apelido. Na verdade, seu Oswaldo queria que o filho fosse médico ou político. A música e a poesia, porém, o tocaram mais forte, afinal, estava no sangue. E foi num porãozinho lá no Morro de São Carlos que Luiz Melodia escreveu canções belíssimas, entre elas Ébano e Pérola Negra. Com muita autenticidade e personalidade, compôs grandes sucessos da música brasileira, juntando samba e blues com maestria.
Tempos atrás, afirmou que sua maior preocupação diante da violência urbana não era consigo, mas com os filhos. “Fico deprimido, por mim, pela minha família e por todos os moradores dessa cidade tão bonita e, de repente, tão feia pela atitude do homem. Mas não dá para entrar na paranoia. A gente tem que tentar driblar essa situação, porque o Rio é tão bonito, não dá para deixar de ir às praias, ao Jardim Botânico ou ao Maracanã. Não podemos ficar à mercê da violência e viver numa prisão”, resumiu Melodia, que nos deixou no mês passado, aos 66 anos.
O poeta do Estácio lutava contra um câncer na medula, chegou a fazer um transplante, mas Jane Reis, sua companheira por 40 anos, foi certeira: “Voou, voou mais alto, foi pra longe da gente cantar em outro lugar”.
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