Que prazer poder fazer parte do time de colunistas da Canguru e escrever sobre um tema de que gosto tanto: a Escuta!
Para começar em grande estilo, vou logo citando uma frase do escritor Rubem Alves: “O que as pessoas mais desejam é alguém que as escute de maneira calma e tranquila. Em silêncio. Sem dar conselhos. Sem que digam: ‘Se eu fosse você’. A gente ama não é a pessoa que fala bonito. É a pessoa que escuta bonito. A fala só é bonita quando ela nasce de uma longa e silenciosa escuta. É na escuta que o amor começa. E é na não-escuta que ele termina. Não aprendi isso nos livros. Aprendi prestando atenção.”
Como algo tão simples pode ser tão difícil de colocar em prática? Quem nunca ouviu o desabafo de uma amiga e em seguida soltou “ah, por que você não faz isso ou aquilo”, sem ela nem ter pedido a sua opinião?
E se a escuta com uma amiga é difícil, com filho, então, é muito mais complicado! Com filho a gente mistura outras coisas: nossos medos, frustrações, expectativas…Sem falar que mãe (e pai) tem resposta pra tudo, né?
Cada vez que damos uma resposta pronta para nossos filhos, nós resolvemos o problema mais rapidamente e da forma mais prática para nós (pelo menos é o que achamos!). Tiramos da frente e ficamos prontos para a próxima pergunta!
Só que ao fazer isso, nós privamos nossos filhos de lidar com os seus sentimentos negativos e aprender com eles. Na maioria das vezes, eles nem entendem o que está acontecendo dentro deles e falar sobre isso é muito importante. Nós, pais, podemos ajudar nossos filhos a compreender o que estão sentindo, apresentando os sentimentos: “Isso que você está sentindo é ansiedade, desapontamento, tristeza, mágoa, raiva…”
São tantas as variedades e nuances que aprender a decifrá-las desde cedo vai ser um “trunfo” no processo de autoconhecimento. Há pesquisas que mostram que adolescentes que sabem descrever seus sentimentos negativos podem evitar transtornos comuns na adolescência, como ansiedade e depressão, por exemplo.
Temos a tendência de achar que falar sobre os sentimentos negativos só vai aumentá-los e piorar a situação. Por isso, corremos para o caminho oposto e mudamos o rumo da conversa! A boa notícia é que estamos errados: falar sobre os sentimentos negativos faz com que eles sejam compreendidos e acalmados. Quando escutamos os sentimentos dos nossos filhos e conversamos sobre eles, um espaço lá dentro é esvaziado e liberado para que outros sentimentos apareçam. Os bons, no caso.
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