Encorajamento é ESSENCIAL para as crianças, adolescentes, para todo mundo. A Disciplina Positiva vê o encorajamento de uma forma diferente do elogio. A linha que separa o elogio e o encorajamento é muito tênue e é muito tentador elogiar nossos filhos quando sentimos orgulho deles. Nós, pais e mães, elogiamos muito.
Aliás, falamos demais, como se tivéssemos que comentar cada coisa que a criança faz. Sei que é uma tentativa de motivar nossos filhos, mas o elogio costuma vir de um lugar de avaliação e julgamento: EU decido se está bom. E, se seu trabalho estiver bom, é porque EU fiz um bom trabalho como mãe ou pai.
Na próxima vez, antes de elogiar seu filho, pergunte-se se o elogio é realmente para ele ou você está apenas orgulhosa(o) da maneira que está criando seu filho. Elogiar é aprovar, julgar, e pode se manifestar através de palminhas, “festa”, elogios aos nossos filhos, como por exemplo: Parabéns, Bom trabalho! Merece um presente! Estou muito orgulhosa de você… O elogio foca no produto perfeito.
Carol Dweck provou com suas pesquisas o que os psiquiatras austríacos Alfred Adler e Rudolf Dreikurs já falavam cem anos atrás – que o elogio em excesso causa dependência da avaliação externa (O que os outros pensam?), e diminui a motivação intrínseca dessa pessoa que é constantemente avaliada. Quem fica “viciado” em receber elogios pode não se sentir capaz de fazer uma autoavaliação ou tornar-se uma pessoa dependente, insegura, que evita arriscar-se, pois teme o fracasso e o erro.
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O encorajamento vem da palavra coragem que tem na sua raiz “core”= coração, “agir com o coração”. Quando encorajamos estamos estimulando, incentivando, motivando outra pessoa a agir com o coração, a ter coragem. O encorajamento desenvolve o senso de capacidade, de autoavaliação, de autonomia. O encorajamento foca no processo e é centrado na tarefa e não na pessoa.
Rudolf Dreikurs dizia que quando a criança erra ou fracassa na tentativa de atingir um objetivo, devemos evitar qualquer palavra ou ação que indique que nós a consideramos um fracasso. “É fundamental que separemos o fato da pessoa. Devemos ter bem claro em nossas mentes que cada “fracasso” indica apenas uma falta de habilidade e, de maneira alguma, afeta o valor da pessoa. Coragem é o traço marcante em quem erra e fracassa sem se sentir diminuído em sua autoestima. Essa “coragem de ser imperfeito” é igualmente necessária a crianças e adultos. Sem ela, o desencorajamento é inevitável”, dizia o psiquiatra.
Alguns exemplos de elogio e encorajamento dados pela Dra Jane Nelsen, autora principal da série Disciplina Positiva:
Elogio: “Eu estou tão orgulhosa de você. Aqui está seu prêmio.”
Encorajamento: “Você se dedicou e deve estar muito orgulhoso de si mesmo.”
Elogio: “Você é tão boazinha!”
Encorajamento: “Obrigada por sua ajuda!”
É lógico que podemos elogiar nossos filhos de vez em quando, mas precisamos estar atentos para não só elogiar superficialmente e sim valorizar o esforço, a tentativa, a autoavaliação e o desenvolvimento do poder pessoal e autonomia deles. O perigo é elogiarmos tanto que nossa opinião passa a ser “banal” para eles ou eles ficarem dependentes dessa avaliação externa e só fazerem as coisas para agradar a mamãe ou o papai. Que tipo de pessoas queremos formar? Dependentes ou autônomas e autoconfiantes? Todas as ferramentas da Disciplina Positiva são encorajadoras, isto é, são respeitosas, empáticas e empoderadoras.
Para saber mais sobre as diferenças entre elogio e encorajamento e como encorajar seus filhos, recomendo a leitura dos livros de Disciplina Positiva (Editora Manole) e a aplicação das ferramentas práticas da Disciplina Positiva – que você pode aprender nos diversos cursos existentes no mercado.
“Uma criança precisa de encorajamento tal como uma planta precisa de água.” Rudolf Dreikurs
*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião da Canguru News.
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