Educação financeira: papel de quem?

As escolas podem passar ensinamentos às crianças sobre uma relação saudável com o dinheiro; já as famílias têm papel importante no desenvolvimento de valores para os filhos
Educação financeira: escolas e famílias devem trabalhar o tema com as crianças; duas mãos colocam moedas em dois cofrinhos, um verde e outro rosa

Quando estou falando sobre educação financeira nas turmas de MBA onde leciono, sempre faço uma enquete. Pergunto aos alunos e alunas se tiveram contato, ao longo da vida acadêmica, com alguma matéria que ensinasse a se relacionar melhor com o dinheiro. Poucos se manifestam. E olha que estamos falando de pessoas que tiveram uma longa vida acadêmica: ensino infantil, ensino fundamental, ensino médio, faculdade e depois MBA. Outra pergunta que dirijo a eles é se conseguem passar algum dia sem tomar alguma atitude que gere impactos em suas vidas financeiras. Ninguém se manifesta. Ou seja, a cada dia, tomamos decisões que irão impactar nossa vida financeira. Se a relação com o dinheiro é tão importante, ela deveria ser trabalhada nas escolas não é mesmo?

Compartilho desta opinião. Mas acho que este tema não deve ser trabalhado somente nas escolas. As escolas podem passar para as nossas crianças vários ensinamentos sobre uma relação saudável com o dinheiro. Mas educação financeira vai além disso. Ela pressupõe o desenvolvimento de valores. E neste sentindo, a atuação das famílias é fundamental. Não é possível terceirizar para as escolas esse processo.

Mas voltando a falar das escolas, as novidades são positivas. Desde o ano passado, a Educação Financeira faz parte da Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Ela está entre os temas transversais que deverão constar nos currículos de todo o país. É um grande avanço, mas que traz consigo algumas preocupações. A primeira delas é a educação financeira ficar restrita à disciplina de matemática, pois somente a base matemática incorpora explicitamente o conteúdo. É necessário levar o tema para outras disciplinas, fundamentais para uma aprendizagem mais ampla.

Outra questão importante é a preparação dos professores e professoras. Em um país onde a educação financeira de adultos é incipiente, o quadro se repete entre os profissionais das salas de aula. Será necessário então trabalhar a sua capacitação, o que irá gerar um impacto muito positivo em milhares de famílias brasileiras. Acredito que a introdução da educação financeira nas escolas não irá ajudar somente os estudantes.

E você, o que acha?


Leia também: Coleção ‘Meu Dinheirinho’ ensina educação financeira para crianças


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Carlos Eduardo Costa

Carlos Eduardo Freitas Costa é pai de Maria Eduarda e do João Pedro. Tem formação em ciências econômicas pela UFMG, especialização em marketing e em finanças empresariais e mestrado em administração. É autor de diversos livros sobre educação financeira para adultos e crianças, entre os quais: 'No trabalho do papai' e 'No supermercado', além da coleção 'Meu Dinheirinho'. Saiba mais em @meu.dinheiro

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