Dois bilhões de crianças vivem em áreas poluídas, diz Unicef

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Agência Brasil

Reprodução / relatório da Unicef

Aproximadamente 2 bilhões de crianças vivem em áreas onde os níveis de poluição excedem os padrões mínimos de qualidade do ar estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Cerca de 300 milhões de crianças, o que representa quase uma em cada sete no mundo, vivem em áreas extremamente poluídas, com níveis de toxicidade que extrapolam em seis vezes ou mais os padrões definidos pela organização.

Os dados são do relatório Clear the Air for Children (Limpe o Ar para as Crianças, em tradução livre), divulgado nesta segunda-feira (31) pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), e consideram apenas a poluição exterior, deixando de contabilizar crianças expostas à poluição do ar dentro de casa.

Segundo o Unicef, quase 600 mil crianças com menos de 5 anos morrem todos os anos de doenças causadas ou agravadas pelos efeitos da poluição do ar interior e exterior, o que representa quase 10% de todas as mortes nesta faixa etária.

Reprodução / relatório da UnicefA poluição provoca abortos, parto prematuro e bebês com baixo peso ao nascer, pois pode atravessar a barreira placentária, interferindo no desenvolvimento do feto quando a mãe está exposta a poluentes tóxicos. A poluição, cujo custo ultrapassa 0,3% do PIB (Produto Interno Bruto) mundial, pode prejudicar ainda o desenvolvimento saudável do cérebro das crianças.

O Unicef alerta para o risco extremo a que estão expostas crianças que crescem muito perto de zonas industriais, lixões ou em lares sem ventilação, onde o alimento é preparado em fogões a lenha. “Todas estas crianças estão respirando poluentes noite e dia, que põem em perigo a sua saúde, ameaçam suas vidas e enfraquecem seus futuros. Muitas destas crianças já estão prejudicadas pela pobreza e privação. Alguns estão em risco elevado de conflitos, crises e os efeitos de intensificação das mudanças climáticas”, diz o estudo.

O relatório Clear the Air for Children utilizou imagens de satélite para mostrar, pela primeira vez, aonde vivem e quantas são as crianças expostas à poluição exterior que excede diretrizes globais estabelecidas pela OMS. As imagens de satélite confirmam que cerca de 2 bilhões de crianças vivem em áreas onde a poluição do ar, causada por fatores como as emissões dos veículos, uso pesado de combustíveis fósseis, poeira e queima de resíduos, excedem as diretrizes mínimas de qualidade do ar estabelecidos pela OMS.

Reprodução / relatório da Unicef

O Sul da Ásia é onde há o maior número de crianças que vivem nessas áreas (620 milhões), seguido da África (520 milhões). O Leste da Ásia e Pacífico tem 450 milhões de crianças que vivem em áreas que excedem os limites das diretrizes. Os resultados são divulgados uma semana antes da conferência sobre mudanças climáticas, a COP 22, que ocorre em Marrakesh, no Marrocos, onde a Unicef apelará aos líderes mundiais para tomarem medidas urgentes de redução da poluição do ar em seus países.

O UNICEF pede aos líderes mundiais que vão participar da COP 22 que tomem medidas urgentes nos seus países a fim de proteger as crianças da poluição do ar:

  1. Reprodução / relatório da UnicefReduzir a poluição: Todos os países devem trabalhar para cumprir os padrões globais da OMS sobre a qualidade do ar em benefício da segurança e bem-estar das crianças. Para atingir esse objetivo, os governos devem adotar medidas como diminuir a utilização de combustíveis fósseis e investir em fontes de energia eficientes e renováveis.
  2. Aumentar o acesso das crianças a serviços de saúde: Investir nos cuidados de saúde em geral para as crianças – incluindo em campanhas de imunização e informação, na gestão comunitária e nos casos que requerem cuidados para tratar pneumonias (uma das principais causas de morte de crianças menores de 5 anos) – vai melhorar a sua resiliência à poluição do ar e sua capacidade de recuperação de doenças e de complicações associadas.
  3. Minimizar a exposição das crianças: Fontes de poluição, tais como fábricas, não devem estar localizadas nas imediações de escolas ou de parques infantis. Uma melhor gestão de resíduos pode reduzir a quantidade de lixo que é queimado no interior de comunidades. Fogões menos poluentes podem melhorar a qualidade do ar nas habitações. Reduzir a poluição ambiental no geral pode ajudar a diminuir a exposição das crianças.
  4. Monitorar a poluição do ar: Tem-se provado que um monitoramento mais eficaz da qualidade do ar contribui para que as crianças, os jovens, as famílias e as comunidades reduzam a sua exposição à poluição do ar, para estar mais informados sobre as suas causas; e para que assumam um papel mais interveniente na defesa de mudanças para transformar o ar mais seguro para a respiração.

 

 

 

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