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Qual o momento certo para dar mesada ao filho?
Muitos pais enfrentam um dilema em um determinado momento: dar ou não dar mesada para seu filho. E esta decisão cresce de importância, pois se bem utilizada a mesada pode ser um bom instrumento de educação financeira. Caso contrário, pode atrapalhar o
futuro comportamento daquela criança em relação ao uso do dinheiro.
Uma mesada deve ter como função principal permitir à criança lidar com alguns conceitos importantes para sua a vida financeira: escolhas de consumo para o seu dinheiro, definição de um orçamento e hábito da poupança.
Mas o mais importante é que a adoção da poupança é apenas um dos instrumentos de educação financeira. Adotada isoladamente perderá sua eficácia.
A primeira grande questão é decidir qual o momento certo de começar a dar uma mesada. Para os especialistas não existe uma idade definida. Vai depender do próprio amadurecimento da criança. A mesada pode ser adotada quando ela dá sinais de um aumento
do interesse por este assunto – começa a pedir para ela entregar o dinheiro ao caixa quando estão comprando algo ou pedir dinheiro para comprar alguma coisa.
Mas desde o início os pais devem deixar clara a principal função da mesada: ensiná-los a lidar com o dinheiro e assim ajudá-los quando eles crescerem. É importante também dizer que até certa idade, o mais adequado é a adoção da semanada, pois a criança ainda tem pouca clareza da evolução do tempo. Em crianças mais novas (em torno de 6 anos de idade) a semanada irá também ajudar no controle da ansiedade e impulsividade. Quando a criança tiver uma noção maior do tempo, a mesada poderá ser adotada (segundo os especialistas, a partir dos 11 anos). Aqui em casa, a Duda ganhou por muito tempo semanada e passou a ganhar mesada no início deste ano.
Leia também: Veja 10 dicas dos especialistas para educar seu filho financeiramente
Agora em junho ela completou 12 anos. O mais importante é desde cedo pactuar com o filho que tipo de gastos a semanada/mesada irá cobrir. Figurinhas, lanche na escola, guloseimas e, com o passar do tempo, idas ao cinema, saídas com os amigos, por exemplo. Isso deve ficar bem claro. E o que fazer se a criança gasta tudo no momento que recebe o seu dinheiro? Fazê-la esperar até a próxima data
combinada.
Se os pais derem mais dinheiro ou comprarem os produtos que eram responsabilidade da mesada, podem estar desenvolvendo na criança a crença de que sempre existirá uma nova fonte de dinheiro. Hoje são os pais, mas no futuro será o cartão de crédito, o cheque especial, os empréstimos.
Outra questão importante é não atrelar a mesada ao desempenho de tarefas da vida cotidiana.
Em toda família existem tarefas que devem ser desempenhadas para o bem-estar do convívio coletivo como manter as suas coisas arrumadas, por exemplo. Caso os pais remunerem cada atividade podem estar ajudando a desenvolver um comportamento mercenário, onde só se faz alguma coisa em troca de dinheiro.
E qual o valor a ser dado? Irá depender fundamentalmente de duas questões: a idade da criança e o padrão financeiro da família. O valor deve ser suficiente para que a criança possa garantir uma pequena quantidade dos produtos pactuados (não todos, pois é
importante também ela aprender a fazer escolhas). Mas deve essencialmente refletir o padrão de vida de sua família: as crianças não podem se acostumar a gastar mais do que o orçamento da família permite.
Deve existir um controle, mesmo que a renda da família permita uma mesada bem alta. Neste caso a criança pode se acostumar aos benefícios do consumo exagerado sem o menor esforço.
Durante essa pandemia, mesmo estando isolada em casa, continuamos a dar a mesada para a Duda. Ela está aproveitando e poupando bem mais. Isso já permitiu que ela realizasse alguns desejos. Comprou por exemplo um mouse sem fio para o seu computador. E também já guardou um valor para comprar um presente para o irmão, que faz aniversário em agosto.
Leia também: É importante falar sobre dinheiro na educação dos filhos
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Carlos Eduardo Costa
Carlos Eduardo Freitas Costa é pai de Maria Eduarda e do João Pedro. Tem formação em ciências econômicas pela UFMG, especialização em marketing e em finanças empresariais e mestrado em administração. É autor de diversos livros sobre educação financeira para adultos e crianças, entre os quais: 'No trabalho do papai' e 'No supermercado', além da coleção 'Meu Dinheirinho'. Saiba mais em @meu.dinheiro
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