Artigos
Crianças também precisam de transplante de coração
No Brasil, 67 crianças e adolescentes com até 17 anos de idade aguardam por um transplante de coração. Embora o procedimento seja mais comum em adultos, o número representa 17% do total de pacientes brasileiros esperando por esse órgão para continuar vivendo. Os dados, atualizados até o dia 16 de agosto, são do Sistema Nacional de Transplantes, do Ministério da Saúde.
Uma das maiores dificuldades para a doação ao público infantil é encontrar um coração que seja de tamanho compatível ao tamanho das crianças, principalmente as menores. “Ofertas de coração com pacientes abaixo de 30 quilos são um grande desafio”, informa o cardiologista Bruno Hideo Saiki Silva, responsável clínico pelo Serviço de Transplante Cardíaco e Miocardiopatias do Hospital Pequeno Príncipe. A instituição informou ter realizado este ano quatro transplantes cardíacos, tendo hoje cinco crianças listadas na fila e outras duas estão sendo avaliadas para entrar na lista. A mais nova tem 1 ano e 10 meses no rol de espera, enquanto o adolescente mais velho está com 16 anos.
“Para haver compatibilidade entre doador e receptor, existe a necessidade de uma concordância entre peso e altura. Por exemplo, o peso do doador não pode ser menor que 20% nem maior que o dobro do peso do paciente em lista de espera”, detalha o cirurgião cardiovascular do hospital, Fabio Binhara Navarro.
LEIA TAMBÉM:
Quando é indicado o transplante cardíaco em crianças
De acordo com o cirurgião, crianças e adolescentes podem nascer com malformações no coração ou desenvolver doenças que afetem o funcionamento da estrutura do órgão no decorrer dos anos. Em alguns casos, o tratamento com medicamentos ou procedimento cirúrgico (correções de anomalias) não normaliza a função, por isso o transplante cardíaco é indicado.
Pacientes que apresentem estágio final de insuficiência cardíaca, ou seja, quando o coração não bombeia sangue suficiente para atender às necessidades do corpo, precisam do transplante.
Como é feito o transplante cardíaco pediátrico?
Para que o procedimento seja realizado, são necessários diferentes profissionais, como cirurgiões cardiovasculares, cardiologistas, intensivistas, anestesistas, enfermeiros, instrumentadores, perfusionistas, psicólogos e assistentes sociais.
Os médicos explicam que, no Hospital Pequeno Príncipe, uma equipe multidisciplinar analisa cada caso, desde a consulta pré-operatória, assim como auxilia na seleção do órgão que a criança vai receber e no procedimento cirúrgico, além dos cuidados depois que o transplante cardíaco é finalizado.
Os médicos do Hospital Pequeno Príncipe explicam que a cirurgia é complexa, devido à pouca idade dos pacientes, exigindo duas equipes. “Enquanto parte dos profissionais vão para a retirada do coração do doador, outra parte prepara o receptor, de forma simultânea. Tudo com o intuito de diminuir o tempo de isquemia [tempo em que o fluxo sanguíneo do coração é interrompido] do coração transplantado, para que ele seja o menor possível, preferencialmente menor do que quatro horas”, ressalta o cirurgião.
Essa divisão da equipe, segundo o médico, é fundamental para um procedimento seguro, principalmente quando a captação do órgão é realizada em outros estados, o que torna necessário o uso de transporte aéreo. Durante o procedimento, é utilizada uma máquina que faz a função do coração e do pulmão (máquina de circulação extracorpórea) e mantém a circulação sanguínea dos demais órgãos. Nesse momento, o coração doente é retirado, e o órgão saudável é implantado.
Bebê menor de um ano fez transplante devido a tumor no músculo do coração
Uma das crianças que realizou transplante cardíaco no hospital é o pequeno Miguel Gabriel da Silva Valoroski, de 2 anos de idade. Ele fez a cirurgia pouco antes do seu primeiro aniversário, após ter sido diagnosticado com fibroma, um tumor que cresceu dentro do músculo do coração, e por isso era necessário um transplante para normalizar o funcionamento do órgão.
De acordo com a mãe, Beatriz Valoroski das Almas, um dia após a cirurgia, ele foi desentubado e recebeu alta antes do esperado. “Ele ficou mais tempo na Unidade de Terapia Intensiva [UTI] antes da cirurgia do que depois do procedimento. Ele se recuperou muito rápido, foi um milagre”, comemora.
Conforme Navarro, após o transplante, o paciente é monitorado continuamente e necessita de terapia para impedir o processo inflamatório que pode levar à rejeição do órgão. Depois da alta hospitalar, que varia entre 15 e 30 dias, a criança ou adolescente segue com acompanhamento médico do hospital até completar 18 anos.
[mc4wp_form id=”26137″]
Canguru News
Desenvolvendo os pais, fortalecemos os filhos.
VER PERFILAviso de conteúdo
É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita. O site não se responsabiliza pelas opiniões dos autores deste coletivo.
Veja Também
Mesmo após aprovação da “Lei Felca”, poucos pais conhecem ferramentas para proteger as crianças na internet
Levantamento inédito, feito com 1800 pais, mostrou que apenas 36% já ouviram falar sobre as novas regras do ECA Digital....
Por que o possível aumento da mortalidade infantil no mundo também diz respeito ao Brasil
Depois de 25 anos de queda contínua, relatório global acende alerta de risco de retrocesso na saúde das crianças. Vacinação,...
Pisca-pisca de Natal encantam as crianças, mas exigem cuidados importantes para evitar acidentes
Choques, queimaduras e até incêndios podem acontecer quando as decorações não são instaladas corretamente. Especialista alerta para riscos e dá...
Você sabia que 90% dos acidentes com crianças e adolescentes poderiam ser evitados, com medidas simples?
Em entrevista exclusiva, pediatra aponta mudanças simples que fazem a diferença na prevenção e podem salvar vidas








