Artigos
‘As palavras têm peso e podem machucar’: os segredos da boa comunicação com os filhos
Outro dia me perguntaram qual era o segredo da boa comunicação com os filhos, para que tenhamos boas conversas em família. Não sei se existe uma resposta certa para essa pergunta, mas eu arriscaria dizer que ela envolve três coisas:
A primeira é vontade. Eu quero ouvir agora? Estou disponível para essa conversa? É uma boa hora para mim? Estou com energia para compreender, realmente, o que o meu filho está querendo me contar ou quero que essa conversa acabe logo para eu fazer outra coisa?
A segunda é cuidado. As palavras têm peso, podem machucar e, quando saem, não voltam para a nossa boca. Palavras ditas por um pai ou uma mãe, então, têm pesos ainda maiores! Por isso, vale a preocupação de escolher boas palavras, de avaliar a real utilidade e generosidade do que será dito. Tem muita coisa que é difícil de ouvir e “embalar” da melhor forma possível ajuda muito quem está do outro lado!
A terceira é a ação-reação, o “efeito bumerangue”. Na maioria das vezes, tudo que vai, volta. Ou seja, se se sair torto da nossa boca, grande chance de voltar torto também. Por outro lado, quando acertamos o tom, não só da voz, mas da atitude, conseguimos colocar a conversa em um outro nível de respeito e consideração. Pavimentamos o caminho para que o filho nos responda da mesma forma.
Infelizmente, não é sempre que conseguimos essas três coisas juntas durante conversas com os filhos. O que fazer quando a gente derrapa? Quando a gente entra numa conversa sem ter vontade, fala sem pensar e quando vê, recebe uma resposta torta de volta.
Nada melhor do que sermos honestos com o filho e dizer o que está acontecendo. Algumas ideias para começar essa conversa:
— Filho, agora não é uma boa hora pra gente conversar. Eu não vou conseguir dar a atenção que essa conversa precisa. Sei que você quer me contar uma coisa que é bem importante e legal para você, mas eu estou fazendo uma outra coisa agora e não consigo parar. Vamos conversar daqui a 20 minutos? Durante o almoço? Depois do jantar?
O combinado não é caro nem barato. Importante é cumprir o combinado! O filho vai aprender a esperar porque sabe que terá a mãe ou o pai “de corpo e alma” no horário combinado.
E quando falamos de um jeito ruim, quando “fazemos tudo errado”? Aí, vale retomar a conversa com o filho, mesmo que uns dias depois: “Andei pensando naquela nossa conversa e acho que não foi legal o jeito que eu falei com você. Queria te pedir desculpas por isso.”
Além de humanizar os pais (também erramos, claro!), mostramos para o filho que as relações humanas têm conserto e é assim que a gente faz quando “pisa na bola”.
Desejo boas conversas para vocês!
[mc4wp_form id=”26137″]
Renata Pereira Lima
Renata Pereira Lima é mãe da Luísa, 14 anos, e do Rodrigo, 12 anos. Palestrante TEDx-SP, mestra em Antropologia, pesquisadora de mercado com foco em comportamento e facilitadora de workshops para melhorar a comunicação entre pais e filhos por meio de escuta, empatia, respeito e limites.
VER PERFILAviso de conteúdo
É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita. O site não se responsabiliza pelas opiniões dos autores deste coletivo.
Veja Também
Apenas 1 em cada 20 crianças e adolescentes cumprem estas três recomendações fundamentais para o desenvolvimento
Metanálise global com mais de 387 mil jovens revela que a maioria não segue orientações consideradas essenciais para obter melhores...
Você sabe o que são os 9 minutos “mágicos”?
Teoria baseada em estudos de neurociência viralizou na internet. Para especialista, faz sentido e funciona, mas está longe de ser...
Seu jeito influencia o jeito que seu filho aprende
Sempre imaginei que incentivo, afeto e boas oportunidades fossem o trio principal. Mas, lendo um estudo publicado no Journal of...
Invisibilidade, não: OMS publica diretrizes inéditas sobre infertilidade e isso muda tudo
Em documento histórico com 40 recomendações, a Organização Mundial da Saúde (OMS) classifica a infertilidade como prioridade de saúde, pede...






