“As crianças estão adoecendo em série. É um looping sem fim: ficam gripadas, melhoram depois de duas semanas e adoecem de novo. É gripe, bronquiolite, resfriado, diarreia e vômitos (gastroenterites virais), viroses exantemáticas (com erupções na pele), e não para por aí”, alerta o pediatra Daniel Becker, do Rio de Janeiro. Ele se refere às chamadas infecções respiratórias de repetição, que fazem as crianças perderem peso, ficarem abatidas e logo faltarem as aulas. “E o pior, CTIs (Centros de Terapia Intensiva) cheios de bebês com bronquiolites e pneumonias, principalmente. A Covid felizmente segue sendo leve. Mesmo fora da escola, as crianças recebem as infecções de “presente” dos mais velhos”, diz Becker. Otites e sinusites também podem surgir. “Em mais de três décadas de pediatria (quase quatro, na verdade), eu nunca vivi um outono/inverno como esse”, comenta o pediatra em post no Instagram.
Segundo o médico, é esperado que os problemas respiratórios aumentem nas crianças neste período mais frio, mas nestes dois anos atípicos de pandemia, com isolamento prolongado, fechamento das escolas, uso de máscaras e distanciamento, as crianças ficaram “destreinadas”, não desenvolveram defesas contra esses vírus. “E um time com a defesa sem treino acaba tomando muitos gols do adversário depois que o campeonato recomeça. Ainda mais agora, com tudo liberado e quando as máscaras já não são mais usadas”, afirma o especialista.
Lavagem nasal diária
Entre as sugestões para reduzir o desconforto das crianças e evitar infecções de repetição, ele ressalta a importância de fazer a lavagem nasal diariamente nas crianças com soro morno.
“Ela é milagrosa, tanto no tratamento de quadros catarrais – gripes, resfriados, otites, sinusites, pneumonias – quanto na prevenção deles”, diz o médico.
Ele recomenda a lavagem nasal sempre que a criança voltar da escola, mesmo quando ela está bem. Beber bastante água, tomar líquidos quentes, como sopas e chás, e aproveitar o vapor da hora do banho também ajuda a hidratar o organismo.
Becker ainda reforça a necessidade de manter a vacinação infantil em dia, seguir as medidas de higiene das mãos e do uso de máscaras pelas crianças acima de 2 anos nas escolas, para protegê-las contra doenças respiratórias. Cobrar da direção da escola para que melhore a ventilação das salas e promova o máximo de atividades ao ar livre, e levar os filhos para parques, praças e praias em contato com a natureza, são outras medidas benéficas para a imunidade, redução do estresse e melhora do humor.
Entre as dicas de alimentação, o pediatra reforça a necessidade de oferecer água com frequência para as crianças, assim como frutas, legumes, cereais, castanhas, nozes e amêndoas. Evitar alimentos industrializados e ultraprocessados.
LEIA TAMBÉM