Casarão das Laranjeiras promove inclusão desde os tempos de D. Pedro II

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    Por Luciana Ackermann

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    Divulgação/ISAI

    AO CAMINHAR PELA rua Ipiranga, em Laranjeiras, na Zona Sul do Rio, é difícil ficar indiferente à grandeza e à imponência de um casarão e seu amplo jardim. Basta apreciá-lo por poucos segundos para ser transportado para um longínquo período histórico. Em boa parte do dia, não se veem grandes movimentações por ali, e quem não o conhece surpreende-se ao saber que no local funciona a escola Imperial Sociedade Amantes da Instrução (ISAI), onde 187 crianças carentes do bairro e do entorno estudam em período integral.

    Pela manhã, são ensinadas as disciplinas da grade oficial do Ministério da Educação (MEC). No período da tarde, há atividades extracurriculares, como oficinas de artes, música, cinema e horta. Os alunos têm entre 5 e 11 anos, distribuídos em classes que vão do pré-II ao quinto ano. Recebem uniformes, mochila, com material didático e escolar, além de quatro refeições diárias. Também são oferecidos atendimento médico e odontológico, além de acompanhamento pedagógico e psicológico.

    Tudo começou em 1829, quando dez jovens sem recursos decidiram se reunir para a troca de conhecimentos. Depois, expandiram a ideia para crianças pobres. E foi o casarão do período neoclássico brasileiro que abrigou os encontros. Num determinado momento, de acordo com a assessoria de imprensa do ISAI, o imóvel foi vendido por um valor simbólico aos jovens pelo então Barão de Macaúbas, o médico e pedagogo Abílio César Borges (1824-1891), considerado um dos mais importantes educadores do Império. Um estatuto determina a finalidade filantrópica voltada à educação até o “fim dos tempos”, além de prever a celebração de uma missa anual na capela interna da mansão, o que acontece a cada dia 5 de setembro, data da fundação da sociedade.

    Outro entusiasta e sensível à iniciativa foi o imperador Dom Pedro II, um dos maiores beneméritos da casa, que doou a maior parte dos imóveis que pertencem à instituição, cujos aluguéis são destinados ao pagamento dos salários dos professores e dos demais funcionários do ISAI, além da manutenção da estrutura do local. Não é tarefa simples. São 15 mil metros quadrados, um bem tombado com diversas obras a serem executadas.
    Em 1845, D. Pedro II presenteou a instituição com o título da nobreza que a sociedade traz em seu nome. No espaçoso salão nobre, há quadros dos dez idealizadores, bem como dos patronos e dos presidentes. A história do ISAI ganhou inclusive um capítulo em uma tese de doutorado, defendida na Unicamp em 2013 por Ronaldo Raemy. Nela, há registros que apontam que os rapazes ganhavam a vida como guardas de alfândega, porteiros, escriturários e queriam se desenvolver a partir da instrução recíproca entre eles. Não faltam nomes ilustres nessa trajetória. Em 1859, por exemplo, Irineu Evangelista de Souza, o Barão de Mauá, assumiu a presidência da sociedade, que teve Raul de Pompeia como estudante – na obra O Ateneu, o autor relata um pouco da atmosfera do ISAI.

    Christina Canuto, 44, uma das mais antigas funcionárias da instituição, lembra bem dos tempos em que o casarão abrigava um internato de moças que viviam e estudavam lá. “Aqui elas se sentiam protegidas e aprendiam muita coisa, assim como as nossas crianças que recebem do bom e do melhor. Chego a encontrar algumas,  lembro do encantamento delas e de todos com as aulas de literatura do professor Domingos Gonzales, que já tinha um projeto de contação de histórias”, afirma Christina, que trabalha na secretaria da escola e é só sorrisos ao falar sobre o local.

    A pequena Yasmin, de 8 anos, é outra que adora a escola. “Matemática é a aula que eu mais gosto! Neste ano, comecei a tocar violino, ele é tão bonito, e, logo no primeiro dia, consegui tirar uma nota. No recreio, eu amo brincar no balanço”, diz a aluna, que está há dois anos no ISAI e sonha em se tornar cantora.

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    Luciana Ackermann

    Para continuar dando conta do legado transformador da educação, diversos eventos e ações são pensados e promovidos para arrecadar verbas, entre eles as festas juninas – a deste ano fará tributo a Dominguinhos – e o festival gastronômico com food trucks, repleto de comidinhas deliciosas, além de atrações musicais e artísticas, que já teve participações de Leoni, Guto Goffi e Serjão Loroza.
    O ISAI lançou campanhas de apadrinhamento, nas quais há diferentes possibilidades de ajudar a manter o legado dos dez idealistas. Também é possível se voluntariar para contribuir no dia a dia do casarão, conforme a aptidão do candidato. 

    QUER SABER MAIS SOBRE ESSE LINDA E INSPIRADORA INSTITUIÇÃO?
    Rua Ipiranga, 70, Laranjeiras
    Tel.: 2556-2919. E-mail: [email protected]
    isai.org.br

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