Artigos
Briga entre irmãos: qual a melhor forma de resolvê-la?
Qualquer pai ou mãe sabe o quanto uma briga entre irmãos pode ser estressante e até mesmo perigosa. Mas será que existe alguma ferramenta mágica que pode ajudar as crianças a resolverem os seus problemas sem tantos gritos, tapas e estresse?
Sim! A ferramenta existe, porém ela não é mágica e exige esforço e treino dos pais diante das brigas. Nesse conteúdo, vou ensinar um passo a passo para vocês.
Primeiramente, precisamos entender que as crianças brigam porque essa é a única maneira que conhecem de resolver os seus problemas. Cabe a nós, pais, compreender que elas não fazem isso para nos atingir pessoalmente, mas sim porque é a ferramenta que possuem para mostrar seu descontentamento, e que nós precisamos ensiná-las novas habilidades.
Sente com seus filhos em um dia tranquilo e explique o quanto você fica chateado (a) quando eles brigam. Fale sobre a sua percepção. Explique também que em nenhum momento você quer tomar partido de ninguém e que muitas vezes acaba, no meio do desespero e/ do nervosismo, tentando interferir em uma briga que não é sua e emitindo um ponto de vista que pode ser irreal.
Explique que você refletiu sobre o assunto e que a partir deste dia não irá mais interferir enquanto eles brigarem, exceto se julgar que pode haver algum dano físico. Diga que estará presente, mas não emitirá nenhum comentário até que seja encontrada alguma solução para o problema e que você confia neles para isso. Caso você julgue que possa haver uma briga com danos físicos, explique na conversa que, nesse caso, irá separá-los em cômodos diferentes da casa até que se acalmem e possam conversar para tentar chegar a uma solução.
LEIA TAMBÉM:
Perceba que você será um mediador e não um juiz. Na próxima briga entre irmãos que houver, respire fundo, faça eles perceberem que você notou que estão brigando através de um olhar ou simplesmente estando de pé ao lado deles e cumpra a sua parte do combinado. Não emita nenhuma opinião ou comentário. Caso você note que a briga está ficando perigosa, pegue uma das crianças pela mão com o máximo de calma possível, leve-a para um outro cômodo e diga: “Estou com medo que vocês se machuquem. Quando vocês estiverem mais calmos, estarei disponível para que possamos tentar resolver novamente essa situação.”
Saia do quarto, volte e faça o mesmo com a outra criança. Se você tiver ajuda de uma babá ou parceiro (a) para simultaneamente levarem as crianças para outros cômodos melhor, pois nesse caso vocês podem ficar com elas em silêncio, abraçando-as ou respirando de forma pausada para ajudá-las a se acalmarem até que estejam prontas para conversar.
Sei que essa ferramenta exige muita paciência e sangue frio dos pais, porém, com ela as crianças não se sentirão desvalorizadas e não terão as regalias de quando tomamos partido, diminuindo assim o ressentimento gerado após as desavenças. Nós estamos ensinando como resolver seus próprios problemas, construir o autocontrole e melhorar a conexão entre os irmãos.
Vai parecer mágica, mas eu te garanto que foi o seu esforço!
*Este texto é de responsabilidade do colunista e não reflete, necessariamente, a opinião da Canguru News.
[mc4wp_form id=”26137″]
Marcela Ferreira Noronha
Pediatra, educadora parental e nefrologista infantil. Mãe do Lucas e da Isabela. Formada em medicina pela Universidade São Francisco (SP) em 2006, com residência em pediatria pelo Hospital Menino Jesus de São Paulo, e especialização em nefrologia infantil pela Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Educadora Parental certificada pela Positive Discipline Association. Fez pediatria por vocação e tem como missão de vida tornar crianças e adultos felizes, respeitosos, com inteligência emocional, senso comunitário, física e emocionalmente saudáveis.
VER PERFILAviso de conteúdo
É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita. O site não se responsabiliza pelas opiniões dos autores deste coletivo.
Veja Também
A infância em looping: o que a denúncia contra o TikTok revela para nós, mães
Para o Instituto Alana, mecanismos como rolagem infinita, autoplay e recompensas digitais funcionam como gatilhos de vício, desrespeitando as normas...
Amamentar deitada é seguro? O que toda mãe precisa saber antes de tentar
Quando a mãe está cansada ou mesmo após a cesárea, fica difícil se levantar em intervalos tão frequentes. A boa...
Whey e creatina na infância: moda perigosa ou cuidado possível?
Outro dia, ouvi uma mãe comentar na arquibancada: “Meu filho faz esporte todo dia… será que já pode tomar whey?”....
Você pode estar errando no Natal (e não tem nada a ver com presentes)
Férias começando, casa cheia, luzes piscando Eu mesmo me peguei pensando: o que ficou no Natal da minha infância? Não...






