‘Basta uma troca do tipo de escola para que o aluno desabroche como estudante’

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    Por Arminda Rosa Rodrigues da Matta Machado 

    Quando escolhemos uma escola para nossos filhos hoje, não temos mais as certezas que orientavam nossos pais no século passado. O que mudou?

    Em primeiro lugar, a própria noção de família: desde os anos 60, em decorrência da invenção dos anticoncepcionais e do movimento feminista, que interrogou o lugar de “rainha do lar” destinado às mulheres, a estrutura da família nuclear moderna sofreu um rápido processo de mudança. Dona da sua sexualidade e destino, a mulher passou a encarar o casamento como uma possibilidade, mas não a única. O homem também se viu livre de obrigações e estereótipos que marcavam o lugar do “masculino” e aprendeu a cuidar dos filhos e da casa.

    A realidade de hoje mostra um aumento progressivo das chamadas famílias monoparentais, multiparentais, homossexuais e outras. A esfera da vida privada não pode mais ser tratada conforme os paradigmas morais do passado. Convivendo com essa realidade, as crianças passam por processos de desenvolvimento cognitivo, afetivo e sexual muito diferentes e que implicam em desafios para suas famílias e para a escola.

    “Basta uma troca do tipo de escola e de pedagogia para que o aluno desabroche como estudante e como ser humano”

    Também a escola é uma instituição que tem sido desafiada a ultrapassar seu papel simples de repassadora de informações, em desacordo com as necessidades do mundo atual. Essa questão provoca incertezas e dúvidas nos pais: como escolher a escola “certa”? Ao tentar conhecer a instituição mais de perto, muitas vezes recebem informações pedagógicas que não conseguem assimilar.

    Nesse momento, é fundamental que os pais tentem perceber como a escola os recebe: como parceiros ou clientes? Mostra-se aberta para atendimento a dúvidas e preocupações? Os pais são convidados a fazer palestras, ajudar em atividades extraclasse? Eles têm chances de conhecer a escola “por dentro”? Ou não podem passar da portaria? Principalmente, é importante que os pais procurem saber como os alunos são tratados em termos das características que lhe são peculiares, se as professoras são capazes e sensíveis o suficiente para perceber cada um como um sujeito, como uma pessoa, e não como um aluno a mais na sala de aula. Enfim, o momento da matrícula é um momento psicológico difícil, uma vez que, ao inscrever o filho, os pais estão entregando parte da responsabilidade da formação da criança para uma instituição que ainda não conhecem o suficiente.

    Essa angústia leva a grande maioria das famílias a optar por instituições tradicionais de ensino, pelo tipo de escola em que os próprios pais estudaram. Entretanto, conforme dissemos no início deste artigo, hoje em dia ninguém pode ter certeza das escolhas que faz. O melhor termômetro está nas reações dos filhos. Alguns adaptam-se bem à escola tradicional. Outros não. Nossa experiência demonstra que, na maioria das vezes, basta uma troca do tipo de escola e de pedagogia para que o aluno desabroche como estudante e como ser humano.

    Arminda Rosa Rodrigues da Matta Machado é psicóloga, mestre em psicologia e filosofia, mãe de quatro filhos e avó de seis netos.

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