Sabemos escolher uma escola para matricular os nossos filhos. A qualidade no ensino, apesar de escassa, tem endereço conhecido. Mas para o que acontece fora da sala de aula, nos corredores, as ferramentas de avaliação não são tão apuradas. Ainda bem, só assim crianças e adolescentes escapam do controle total e encontram espaço para realizar as rupturas em direção ao novo, à transformação.
Eu chamo de corredores de aprendizagem as conexões entre pessoas que acontecem nas brechas do mundo estruturado, e constituem espaços de exercício da liberdade, não sujeitos a controles.
Nos corredores trocam-se emoção, conhecimento, sonhos e conteúdos cujos aprendizados não fazem parte dos currículos oficiais, na escola, em casa, na rua. Livres de regras e hierarquias, nos corredores uma pessoa está mais próxima de um encontro livre com o diferente, com o não alinhado e com o próprio eu. Neles aprende quem quiser, o que quiser, na fonte que escolher, sem restrições ou avaliação de terceiros.
Quem busca e filtra o conhecimento é o próprio indivíduo. A maior parte da vida se passa fora dos contextos formais. No entanto somos pouco preparados para aprender nos corredores onde riscos e ambigüidade exigem sagacidade, ousadia, flexibilidade.
Pois bem, os corredores foram até quatro décadas atrás, a única escola de empreendedorismo. Esse saber varou os séculos conduzido pelo talento dos artesãos e empresas familiares. Mas que elementos constituem o saber empreendedor? São atitudes, aspirações, formas de ser e de ver o mundo. Não podem ser traduzidos em padrões, muitas vezes se distanciam da lógica e sempre são impregnados pela emoção, desejos, preferências e particularidades individuais. É um espaço em que existe a liberdade para se fazer escolhas, seguir os próprios desejos, arriscar.
O saber empreendedor é único porque se transforma ao passar pelo filtro da idiossincrasia, da diversidade personalíssima. Por isso não é replicável e não pode ser ensinado. Empreender pode parecer complicado, mas é muito mais simples do que ser empregado, porque é um caminho para a construção da liberdade. A aventura humana é mais fascinante quando fazemos uso das capacidades de assumir riscos, ousar, transformar inovando. Claro, tudo isso só vale se tiver como objetivo criar algo melhor para a coletividade.
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