Artigos
Alerta: especialistas não descartam novo surto de dengue e zika no país
Agência Brasil
A falta de saneamento básico e de infraestrutura urbana foram mais uma vez apontadas entre as causas da proliferação do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, do chikungunya e zika – relacionada a danos neurológicos irreparáveis. Com a chegada das chuvas e do verão, especialistas de todo o país, reunidos no Rio de Janeiro, reafirmaram que novos surtos não estão descartados e alertaram para novas doenças que também podem ser transmitidas pelo mosquito.
O epidemiologista Mauricio Barreto, pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz na Bahia, que estuda a zika e outras doenças relacionadas à pobreza, destacou que o problema começou a se desenhar há cinco anos, quando a dengue atingiu picos de infecção.
“A dengue já era, em 2011, um claro insucesso, reflexo de nossa falta de capacidade de resolver problemas estruturais, de saneamento etc. Daí se desdobra, dois anos depois, na chikungunya e na zika e pode se desdobrar em outras, porque o Aedes aegypti pode transportar outros vírus”, disse o especialista durante o simpósio The Zika menace in Americas: challenges and perspectives. Barreto citou o vírus West Nile, que hoje circula nos Estados Unidos mas que, um dia, pode vir para o Brasil.
Verão
Com a chegada do verão e o aumento da infestação de mosquitos, o vice-presidente de Pesquisa e Laboratórios de Referência da Fiocruz, Rodrigo Stabeli, que coordena uma rede de 300 pesquisadores do país, também está preocupado com a incidência das doenças ligadas ao Aedes aegypti. Segundo ele, apesar dos esforços científicos e que relacionaram a microcefalia à zika, não é possível saber se quem já teve a doença uma vez ficou imune.
“A gente viu um arrefecimento da doença por causa da condição do vetor, mas, agora, chegando chuvas, temperaturas mais altas, estamos alertando, a todo momento, que lidaremos com a alta do vetor e podemos ter os mesmos casos acontecendo”, disse Stabeli sobre a crise da zika em 2015, que levou o país a decretar situação de emergência por causa da microcefalia.
No simpósio, ao apresentar a situação epidemiológica no Brasil, onde a zika já chegou a quase todos os Estados, o epidemiologista Maurício Barreto cobrou também mais recursos internacionais para a pesquisa e flexibilidade de órgãos reguladores para destravar os estudos.
“Muitos laboratórios precisam importar e exportar material, como amostra. É comum que uma parte das pesquisas seja feita fora do país e o pesquisador precise mandar sua amostra para Alemanha ou trazer material [desse país]. Esse processo de ida e vinda às vezes leva meses e acontece no caminho de o material se deteriorar, não prestar ou estar envelhecido”, criticou.
Pesquisas brasileiras
Do ponto de vista positivo, Stabeli destacou a organização dos cientistas brasileiros que investiram esforços pessoais contra a zika e chegaram a importantes resultados. “A partir de uma força mútua, com motivação pessoal, conseguiram publicar trabalhos-chave que mostraram as relações da zika congênita não só com a microcefalia, mas com as demais doenças do sistema nervoso central que acometem na gestação e a Guillain-Barré”, citou.
Para o futuro, o pesquisador espera colocar em uso o kit de teste rápido elaborado pela Fiocruz e recentemente aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para identificar a zika de forma mais rápida.
O seminário no Rio, que faz um balanço dos avanços científicos e lança desafios para controlar a doença vai até quinta-feira (10), na Academia Nacional de Medicina.
Leia também:
- Professor da UFMG fala de riscos do zika vírus na gravidez; leia entrevista
- Comissão aprova distribuição gratuita de repelentes a gestantes
- Gestantes e bebês terão prioridade para teste que identifica zika em 20 minutos
- Sociedade de Pediatria passa a recomendar vacina contra dengue
- Crianças poderão fazer teste de nova vacina contra a dengue em BH
- Pesquisa reforça relação entre Zika e o nascimento de bebês com microcefalia
- Toda mãe acredita em bicho-papão. Você não?
Canguru News
Desenvolvendo os pais, fortalecemos os filhos.
VER PERFILAviso de conteúdo
É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita. O site não se responsabiliza pelas opiniões dos autores deste coletivo.
Veja Também
A infância em looping: o que a denúncia contra o TikTok revela para nós, mães
Para o Instituto Alana, mecanismos como rolagem infinita, autoplay e recompensas digitais funcionam como gatilhos de vício, desrespeitando as normas...
Amamentar deitada é seguro? O que toda mãe precisa saber antes de tentar
Quando a mãe está cansada ou mesmo após a cesárea, fica difícil se levantar em intervalos tão frequentes. A boa...
Whey e creatina na infância: moda perigosa ou cuidado possível?
Outro dia, ouvi uma mãe comentar na arquibancada: “Meu filho faz esporte todo dia… será que já pode tomar whey?”....
Você pode estar errando no Natal (e não tem nada a ver com presentes)
Férias começando, casa cheia, luzes piscando Eu mesmo me peguei pensando: o que ficou no Natal da minha infância? Não...





