Por Thatiana F. G. Pineda* – Atualmente, é raro encontrarmos alguém que não reconheça o impacto crucial dos primeiros anos de vida no desenvolvimento do ser humano. Pode-se arriscar que a grande maioria entende a importância do brincar nessa fase. No entanto, é relativamente recente todo esse discurso amplamente divulgado na mídia de valorização das crianças e da ludicidade na aprendizagem. Paralelo a isso, estudo realizado no Reino Unido, em 2023, revela que hoje em dia elas brincam menos do que seus pais e avós brincaram quando pequenos. Diante desse cenário, o que podemos considerar para a Educação Infantil?
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional representou um marco significativo para a primeira infância. Embora a Educação Infantil já tivesse sido mencionada em legislações anteriores, foi nessa lei que se consolidou como a etapa inicial da Educação Básica no Brasil com a finalidade de promover o desenvolvimento integral da criança em diferentes aspectos.
Para compreender a Educação Infantil atual, é essencial considerar sua evolução histórica. Originalmente, esse período foi marcado por um enfoque assistencialista e compensatório, visando reduzir a mortalidade infantil, combater o analfabetismo e atender à crescente participação das mulheres no mercado de trabalho. Como resultado, o modelo pedagógico muitas vezes não atendia às reais necessidades das crianças.
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Com o tempo, a legislação e as práticas educacionais foram adaptadas para melhor atender às necessidades discentes. Foram desenvolvidos materiais e orientações para apoiar escolas e educadores na implementação de abordagens mais eficazes e integradas. Além disso, o avanço das pesquisas científicas tem contribuído significativamente para a melhoria dessa etapa de ensino.
Frequentemente, neurocientistas destacam estudos que comprovam o acelerado desenvolvimento do cérebro humano em seus primeiros anos de vida. Cientistas sociais ressaltam sobre os impactos da infância na formação do cidadão e da sociedade. Especialistas em economia e sustentabilidade reconhecem a infância como campo crucial para o desenvolvimento do país. As pesquisas na área educacional também continuam a se expandir, aprofundando investigações teóricas e práticas para promover uma Educação Infantil da melhor qualidade.
A Educação Básica atende bebês, a partir dos primeiros meses de vida, em creches e instituições equivalentes, estendendo-se até o Ensino Médio. Ao longo dessa trajetória de 17 anos, espera-se que os estudantes tenham a oportunidade de aprender e se desenvolver em um ambiente escolar diversificado e enriquecedor. Embora cada etapa de ensino tenha seus objetivos específicos, os primeiros anos escolares são fundamentais para aprender a conviver, interagir e interessar-se pelo conhecimento, estabelecendo uma base sólida para o desenvolvimento acadêmico, emocional e social.
Uma das maneiras mais próprias da infância para que isso ocorra é a partir do brincar. Mais do que uma linguagem natural, dessa forma, a criança se desenvolve em diversas dimensões, constrói habilidades cruciais e promove um crescimento integral. Muitas escolas têm resgatado brincadeiras e jogos tradicionais oferecendo mais do que as telas digitais, cada vez mais comuns nessa faixa etária. Essa oferta oportuniza aprendizagens significativas de maneira individual e coletiva.
Em resumo, a afirmação de que a Educação Infantil é uma etapa de ouro na Educação Básica, tal como para a formação humana do cidadão, reflete a importância desse período. Com propostas intencionais, alinhadas com princípios e valores, mesmo enfrentando desafios para engajar os estudantes, mas investindo na formação dos profissionais e promovendo uma boa relação com a comunidade escolar, é possível garantir uma base sólida acerca do conhecimento e o desenvolvimento integral das crianças.
* Thatiana F. G. Pineda é orientadora pedagógica da Educação Infantil e 1º ano do Colégio Presbiteriano Mackenzie Tamboré.