Para garantir a imunização das crianças, é preciso se preparar, inclusive financeiramente. Mas nesse caso vale a velha máxima: prevenir é melhor que remediar.
Em 1904, a cidade do Rio de Janeiro foi palco de diversos conflitos entre a população e forças policiais. O motivo da revolta era a campanha de vacinação obrigatória contra a varíola imposta pelo governo e comandada pelo sanitarista Oswaldo Cruz. Como muitos moradores não conheciam como funcionava a vacina, não queriam tomá-la. O governo chegou a suspender a campanha, mas depois de debelado o movimento retomou a obrigatoriedade. Dentro de pouco tempo a varíola foi considerada erradicada da então capital federal. Do início do século XX para os dias atuais, a situação mudou consideravelmente, e a maior parte dos brasileiros concorda que a vacinação é importantíssima para prevenir uma série de doenças. Por isso mesmo, manter o seu calendário em dia é uma das tarefas que todos os pais e mães almejam cumprir sem falhas. Mas a quantidade de notícias sobre novas vacinas (como a da Meningite B, que chegou às clínicas particulares em maio) pode transformar a missão em angústia e em uma enorme fonte de dúvidas.
Pediatras, clínicas de vacinação, centros de saúde e organizações como a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) ou a Sociedade Brasileira de Pediatria são de grande ajuda nos momentos de dúvida. “Os profissionais de saúde têm a obrigação de informar os pais sobre todas as opções”, afirma a diretora médica da Clínica Vacsim, Paula Fernandes Távora, mestre em imunologia celular e especialista em patologia clínica.
No Brasil, as ações relativas à imunização são organizadas no Programa Nacional de Imunizações (PNI), do Ministério da Saúde, que tem quarenta anos e segue as orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS). Além das vacinas previstas no calendário definido pelo PNI, a Sociedade Brasileira de Imunizações e a Sociedade Brasileira de Pediatria, no caso específico das crianças, divulgam um calendário próprio, que conta com vacinas adicionais ou diferentes das disponíveis na rede pública e que são encontradas em clínicas privadas.
Cofrinho da vacina
Com a expectativa de fazer o máximo para evitar que o seu filho adoeça, boa parte dos pais realmente gostaria de proporcionar a ele todas as vacinas disponíveis. As limitações financeiras, no entanto, tornam essa decisão mais complicada. De acordo com a imunologista, a solução é passar a incluir a vacina no planejamento financeiro de criação dos filhos, da mesma forma que o berço, a escola, as festas de aniversário e tantas outras coisas.
Criar uma espécie de “cofrinho” da vacina. “Antes de falarmos que determinada vacina é cara, precisamos nos perguntar se não é ainda mais caro adoecer.” Paula garante que as vacinas atualmente são bastante seguras. Antes de vir à público, são testadas em animais de laboratório e em uma população voluntária. Só chegam aos postos ou clínicas quando um número bem significativo de pessoas tiver recebido as doses. “Hoje, temos 97% de segurança”, afirma. “De cada 100 pessoas vacinadas, 97 não têm nenhuma reação grave.” Ela recomenda ainda que os pais não tenham receio ou vergonha de pedir para conferir o lote, a validade da vacina, a temperatura do armazenamento e registrem essas informações.
Ainda assim, algumas reações podem assustar. É o caso da vacina contra o rotavírus. Como ela é aplicada via oral, pode haver uma pequena inflamação no intestino, capaz de evoluir para uma diarreia sanguinolenta na criança por dois dias. “Isso é absolutamente dentro do esperado e não é uma reação considerada grave”, diz Paula. Quanto às outras vacinas, reações como vermelhidão, inchaço e sensibilidade no local da injeção podem ocorrer nas primeiras 72 horas após a aplicação, assim como febre e dores de cabeça e muscular. Ninguém precisa se assustar. Como salienta Paula, o que as vacinas trazem de positivo supera em muito os riscos. Isso, mesmo a desconfiada e revoltosa população carioca do início do século passado descobriu.
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Como funciona a imunização A vacina é uma substância |
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Baixe aqui os calendários de vacinação do Programa Nacional de Imunizações (PNI), da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) e da Sociedade Brasileira de Pediatria.
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