Quando a pequena Sofia, de 2 anos, pediu uma cozinha de brinquedo, Carol fez como quase toda mãe. Passou a pesquisar em lojas e sites atrás de produtos de qualidade com um preço justo. Mas, para a tristeza da menina, nada agradou à mãe zelosa. Carol encontrou até mesmo fogõezinhos e geladeirinhas que continham tinta tóxica em seu acabamento. Mas o desejo de Sofia e a persistência da mãe tiveram um resultado surpreendente: a brincadeira se transformou em uma ótima oportunidade de negócios. E, claro, em uma minicozinha de sonho.
Carol é a designer belo-horizontina Ana Carolina Moreira, que resolveu colocar a mão na massa e construir ela própria o brinquedo da filha. Não demorou para receber encomendas. O sucesso fez com que ela abrisse a empresa ATELIÊ MATERNO, em julho de 2015. “Quando me dei conta, já tinha vendido dezoito cozinhas”, lembra. Além de ser a principal inspiração para o negócio da mãe, Sofia virou sua ajudante. “Ela participa de tudo, desde o corte da madeira até a pintura”, conta. Juntas, as duas confeccionam móveis em miniaturapara montar ambientes de brinquedo que simulam a realidade da vida adulta. Entre os itens estão a minicozinha e a minioficina mecânica, com preços que vão de 400 a 900 reais. “É uma forma de continuar trabalhando e ser mãe em tempo integral.”
Carol e Sofia moram atualmente em Florianópolis, mas o Ateliê Materno recebe encomendas de todo o Brasil (informações pelo tel. 48 9922-6729). Em média, a empresa vende trinta produtos por mês. Diante do sucesso, Carol pretende ampliar o negócio. “Procurei o Sebrae para me ajudar a vender também para lojistas”, conta. O primeiro contrato já saiu: 180 produtos encomendados por uma empresa interessada em revenda. Outros projetos também estão por vir. Em breve, o Ateliê Materno vai lançar a mesa de desenho, com escrivaninha e cadeirinhas, e o quarto montessoriano, estilo de cômodo totalmente adaptado para a criança, com cama, guarda-roupa e móveis feitos sob medida para a idade e o tamanho de cada um.
A história da designer Ana Carolina Moreira não é um caso isolado. Nos últimos três anos, o número de mulheres empreendedoras superou o de homens, chegando a 51,2%, segundo dados da pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM), do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). “Percebemos um crescimento no número de mães que procuram fazer o próprio horário de trabalho e conciliá-lo com a maternidade”, afirma Luciana Lessa, analista da Unidade de Atendimento do Sebrae. “Algumas delas descobrem, a partir da dificuldade para encontrar um produto ou serviço para os filhos, que existe um nicho de mercado, uma oportunidade de negócio.” Exemplos como o de Carol mostram que maternidade e empreendedorismo têm tudo a ver.