Mãe carinhosa, brava, ciumenta, perfeccionista, exigente, amiga. Várias formas de amar, sentir e agir em uma das missões mais difíceis da contemporaneidade: o ato de cuidar.
Alguns dizem que ter filhos é importante e necessário pela continuidade do nome de família; por questões econômicas; para a realização de desejos; por ser uma experiência única e indescritível; por um sem-fim de razões. Com certeza, porém, a maior vantagem da maternagem é a possibilidade de aprender com os filhos. Esse aprendizado exige muito discernimento e maturidade. Pressupõe sair do lugar de quem já sabe e já viveu, para experimentar um amor e um vínculo que vão para muito além do que já sabíamos de nós mesmos.
Muito já se pesquisou sobre o assunto e está mais que comprovada a influência dos pais sobre seus filhos. Novas pesquisas mostram, porém, que essa história tem outro lado. É uma via de mão dupla. O que os estudos indicam é que a relação afetiva com os pequenos, desde o seu nascimento, impacta e estimula o funcionamento neuroquímico dos pais, permitindo alterações na maneira de pensar e de agir. A relação com os filhos nos coloca diante novas responsabilidades e emoções, estimulando a criatividade e o aprendizado.
Os desafios de cuidar dos filhos fazem com que áreas do cérebro de homens e mulheres sejam transformadas ou “reprogramadas” com o objetivo de facilitar a complexa tarefa de exercer o cuidado, educar e amar incondicionalmente.
É importante dizer que esse aprendizado não se esgota. Ele se aprimora a cada dia e se revoluciona com a chegada de um novo ser à família.
Cada filho exige que tenhamos uma nova aprendizagem específica, sem manual ou script. Tudo volta a ser novo, obrigando-nos a fazer novas escolhas sobre o que vamos deixar de lado para construir uma relação única e saudável, amando e crescendo de forma recíproca.
Outro traço importante desse aprendizado são as vivências mais subjetivas que enlaçam os aspectos profissionais, a relação a dois, o feminino e o stress que acumulamos ao exercer nossos diversos papéis. Diante da missão de educar, não se perder nas outras funções exercidas do cotidiano é o nosso maior desafio.
E haja força para vencê-lo! Somente com coragem é que daremos conta de enfrentar — e vivenciar de forma plena — esse desafio tão complexo e fundamental para a existência humana: criar filhos saudáveis e felizes.
Aline Rodrigues é psicóloga clínica, coordenadora da Clínica Le Sense e mãe de Giovanna, de 16 anos.