A adolescência é a fase da vida em que os hormônios explodem em nosso corpo e a aventura vira curtição. Nasce o amor pelo risco. Pais e filhos costumam se entender na atração pelo radical. Para esses, um dos destinos mais procurados é QUEENSTOWN, na Nova Zelândia. Tem esporte para todo tipo de moça ou rapaz. Mamãe ou papai. Criança também. Mais ou menos arriscado. Basta estar preparado para o inusitado, o belo, o susto, o gelo na barriga. Queenstown se especializou em surpreender quem a visita. O ano inteiro.
A cidade em si é pacata, segura, limpíssima, cheia de árvores e jardins bem cuidados, um spa tamanho família. Você pode relaxar durante dias andando pela orla do Lago Wakatipu — água cristalina, azul de dia, verde ao entardecer, bonita de doer —, emoldurado pelas Montanhas Remarkables (remarkable significa, em inglês, notável, extraordinário). Você pode curtir a praia e o sol no verão, que coincide com o nosso. Você pode caminhar pela cidade, apreciando o modo de vida de um povo que uniu o respeito à natureza ao conforto mínimo para toda a população. Ou então radicalizar. Nesse ponto, os adolescentes (e seus pais) mergulham de cabeça.
Literalmente de cabeça. Sabe o bungy-jumping? O povo de Queenstown jura que o salto em queda livre com o corpo amarrado pelos pés foi inventado lá. Nas Montanhas Remarkables, há locais para a prática do sufoco de ver o chão chegar, até que a corda elástica freie o tombo fatal. O cenário das montanhas e do lago lá embaixo paga o preço do pulo no espaço. O frio na barriga é bônus.
Se essa não é sua praia, você e sua família podem deslumbrar-se com a vista tomando a gôndola que leva aos picos. No inverno, na área se pratica o esqui. Muita neve a partir de junho. Existem pistas para todos os níveis, do iniciante ao viciado nas desafiadoras Black Diamonds. Não faltam escolinhas infantis. Aos 4 anos, a criançada já curte a sensação de falta de gravidade que o esporte proporciona. E quer voltar no ano seguinte.
Talvez você goste de carrinho de rolimã, a moda que tomou conta dos bairros mais íngremes de BH. Então conheça o luge, o rolimã mais sofisticado de três rodas, que dispara encosta abaixo sem perigo de encontrar automóveis pelo caminho: as pistas são exclusivas. Com direito ao visual extraordinário para quem está a fim de ir devagar. Ou a toda a velocidade para quem prefere adrenalina.
Pais e filhos gostariam de saltar de paraquedas ou fazer paraglider? Queenstown dá o curso e o batismo. Querem explorar cavernas e formações geológicas estranhas? Aluguem um caiaque e remem no Rio Dart. Querem pedalar durante dias? Caminhos não faltam, para todos os gostos.
Se preferirem o trekking, Queenstown é o destino perfeito. Suas belas trilhas surpreendem a cada quilômetro com paisagens fora deste mundo. São tão exóticas que a saga O Senhor dos Anéis teve as tomadas mais bonitas feitas ao lado de Queenstown, em Milford Sound, um presente da natureza que também deve ser considerado remarkable.
Queenstown merece o título de capital mundial do esporte radical. Alie-se a isso a beleza do lugar. Resultado: a gente sempre quer voltar. Pais e adolescentes. Ou adolescentes e pais, tanto faz.
LUÍS GIFFONI
é cronista, romancista e palestrante. Autor de 26 livros, tem nas viagens uma de suas paixões. Nelas aprende a diversidade do mundo e das pessoas, experiência que acaba traduzindo em suas obras. Neste espaço, dá dicas sobre como aproveitar o mundo com os pequenos.
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